O lançamento do aplicativo Waze, por volta de 2008, trouxe inúmeros benefícios e facilidades para quem dirige, principalmente nas grandes cidades. De maneira colaborativa, os usuários podem saber a situação do trânsito em tempo real e ainda ter a facilidade de o próprio aplicativo indicar a melhor rota para chegar ao destino final. “O Waze é um exemplo de como o mundo digital transformou os usuários, ou seja, nós, o mundo físico, em sensores”, destaca o engenheiro Elcio Brito da Silva, pós-doutorando do Grupo de Automação em TI (Gaesi) da Escola Politécnica da USP.
A quebra dos limites entre o mundo físico (impressão 3D, robótica avançada), o digital (internet das coisas, plataforma digitais) e o biológico (tecnologia digital aplicada à genética) é a principal característica da quarta Revolução Industrial, que, acredite, já está em curso. Essa nova realidade tecnológica é o tema central do livro Automação & Sociedade – Quarta Revolução Industrial, um olhar para o Brasil. A obra, organizada pelos professores do Gaesi Eduardo Mario Dias (coordenador geral) e Sérgio Luis Pereira, além da pesquisadora Maria Lídia Rebello Pinho Dias Scotton e de Élcio Silva, reúne textos dos mais variados especialistas, de vários campos de atuação, que discutem como essa revolução vai mudar a sociedade.
Num primeiro momento, o tema pode parecer algo muito longínquo da nossa realidade e se assemelhar a algum roteiro de ficção científica futurista. Entretanto, basta recordar que a inovação do Waze, que nos transformou em sensores, ocorreu há quase uma década. No futuro, a previsão é que motoristas de carro deixem de ser necessários: atualmente, várias empresas e universidades do mundo, entre elas a USP, já desenvolvem projetos como os veículos autônomos (sem necessidade de condutores). Em muitos aeroportos ao redor do mundo, o check-in e o despacho de malas já é feito de modo automático, sem presença humana, e em algumas cidades do exterior já existem supermercados onde não há funcionários nos caixas: tudo é automatizado.
Especialistas do setor afirmam que a sociedade brasileira precisa ficar muito atenta a este momento da história, pois a quarta Revolução Industrial vai trazer as maiores transformações, nunca antes vistas pela humanidade. “É um livro para as pessoas entenderam o que está acontecendo com o mundo nesta quarta Revolução Industrial”, destaca Silva.
Quebra de limites entre barreiras
O engenheiro cita um outro exemplo da quebra de barreiras entre os mundos físico, biológico e digital: as turbinas da General Eletric (GE), que “percebem” quando irão quebrar e, com isso, sabe-se antecipadamente a necessidade de ser feito algum reparo.
Na área biológica, Silva comenta o caso de pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Lausanne, que fizeram com que a perna paralisada de um macaco voltasse a ter movimentos com a ajuda de eletrodos ligados ao cérebro do animal, computadores e softwares, além de um estimulador na medula espinhal do primata.
Agora é o futuro
O engenheiro destaca que a “velocidade com que essas mudanças estão ocorrendo é muito rápida. Muitas vezes, pensamos que quem precisa se qualificar para essas mudanças são as próximas gerações e que nada vai acontecer conosco”. Entretanto, o engenheiro faz um alerta: é importante sim pensar nas novas gerações, porém a quarta Revolução Industrial será tão intensa que trará mudanças muito profundas já nos próximos dez anos, em todos os setores da sociedade.
Texto retirado na íntegra de Jornal da USP.
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