A história da evolução nos ensina que a vida é incontível, sempre encontrando maneiras de se libertar e expandir para novos domínios, ultrapassando obstáculos de maneira por vezes desafiadora e até arriscada. A afirmação de que “a vida sempre encontra um caminho” ecoa não apenas nas palavras do personagem Ian Malcolm, interpretado por Jeff Goldblum no clássico filme “Parque dos Dinossauros” (1993), mas também encontra respaldo na ciência atual.
De fato, utilizando células artificiais, pesquisadores deram substância a essa ideia, demonstrando que a vida persiste em sua busca por caminhos. O professor Jay Lennon, da Universidade de Indiana, nos EUA, enfatiza a robustez inerente à vida, uma característica que mesmo a simplificação para seus elementos essenciais não consegue deter, permitindo que a evolução continue a operar.
No âmbito desse estudo, a equipe concentrou-se em células mínimas, construídas sinteticamente, que retiveram apenas os genes cruciais para sua viabilidade. Entre elas destaca-se o organismo Mycoplasma mycoides JCVI-syn3B, uma versão reduzida da bactéria M. mycoides, frequentemente encontrada no intestino de cabras. Com seu genoma mínimo contendo 493 genes, o JCVI-syn3B ostenta o menor genoma de qualquer organismo de vida livre conhecido. Em comparação, genomas de animais e plantas podem exceder 20.000 genes.
Esse organismo simplificado, em teoria, não possuiria redundâncias funcionais e manteria apenas os genes essenciais para a sobrevivência. Surpreendentemente, ele evoluiu no laboratório de maneira tão veloz quanto uma célula convencional, demonstrando a notável capacidade de adaptação dos organismos. Mesmo diante de um genoma não natural que aparentemente teria pouca flexibilidade, essa célula simplificada desafia as expectativas, ressaltando mais uma vez que, de fato, a vida sempre encontra maneiras de persistir e prosperar.

(Foto: Tom Deerinck/Mark Ellisman/UCSD)
Eficiência da Simplificação
A confirmação definitiva surgiu quando a equipe submeteu as duas variantes simplificadas – a versão originalmente sintética e a evoluída – a uma competição com as bactérias naturais originais, dotadas de genoma completo.
Enquanto a bactéria natural em sua forma original superou facilmente a versão mínima não-evoluída, foi a bactéria mínima que passou por 300 dias de evolução que se destacou, recuperando com sucesso toda a aptidão que havia sido perdida devido à simplificação genômica.
Espera-se que a compreensão de como organismos com genomas simplificados enfrentam desafios evolutivos possa lançar luz sobre questões persistentes na biologia, abrangendo desde o tratamento de patógenos clínicos até a persistência de endossimbiontes ligados a hospedeiros, bem como o aperfeiçoamento de microrganismos modificados e até mesmo a origem da própria vida.
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