À medida que envelhecemos, os processos essenciais de limpeza do cérebro começam a falhar, comprometendo seu funcionamento. Em uma nova pesquisa, cientistas descobriram como estimular os ciclos de remoção de resíduos no cérebro de camundongos, resultando em uma melhora significativa da memória.
Liderado por uma equipe da Universidade de Washington em St. Louis, o estudo foca nos vasos linfáticos meníngeos, responsáveis pela limpeza do cérebro. Esses vasos fazem parte do sistema linfático, encarregado da eliminação de resíduos e do suporte ao sistema imunológico.
Os pesquisadores utilizaram um tratamento proteico direcionado para estimular o crescimento e funcionamento desses vasos linfáticos em camundongos mais velhos. Nos experimentos subsequentes, os animais tratados demonstraram uma função de memória superior em comparação com os não tratados.
Essa descoberta tem implicações diretas para doenças neurodegenerativas como o Alzheimer, onde o envelhecimento do cérebro leva à perda de memória e de habilidades cognitivas. Os resultados do estudo podem oferecer novas pistas sobre como retardar ou prevenir a demência.
“Um sistema linfático funcional é essencial para a saúde do cérebro e da memória”, afirma Kyungdeok Kim, neurocientista da Universidade de Washington em St. Louis.
“Terapias que auxiliam o sistema de eliminação de resíduos do corpo podem trazer benefícios significativos para um cérebro em envelhecimento.”
A pesquisa também identificou que a proteína interleucina 6 atua como um sinal de alerta enviado por células imunológicas sobrecarregadas chamadas microglia. Esse sinal é ativado quando o sistema de limpeza do cérebro entra em colapso.
Além de aprimorar a memória dos camundongos, o tratamento nos vasos linfáticos reduziu os níveis de interleucina 6, restaurando o equilíbrio do sistema imunológico e prevenindo danos cerebrais causados por microglias estressadas.
Abordagem inovadora: tratamento sem barreiras
Um aspecto crucial da pesquisa é que os vasos linfáticos meníngeos estão localizados fora do cérebro, o que possibilita tratamentos mais acessíveis sem a necessidade de atravessar a barreira hematoencefálica, uma estrutura que protege o cérebro contra substâncias nocivas.
“A barreira hematoencefálica dificulta a eficácia de terapias para doenças neurológicas”, explica Jonathan Kipnis, neurocientista da Universidade de Washington em St. Louis.
“Ao direcionar os vasos linfáticos fora do cérebro, conseguimos melhorias cognitivas em camundongos, abrindo caminho para desenvolver tratamentos mais eficazes contra o declínio cognitivo.”
Essas descobertas fornecem novos insights sobre como o acúmulo de resíduos tóxicos pode interromper a comunicação normal do cérebro, de forma semelhante ao acúmulo de lixo bloqueando trilhos de trem e impedindo a circulação.
Os novos achados também se alinham com pesquisas anteriores, incluindo um estudo de 2022 que demonstrou melhora na memória de camundongos através da injeção de fluido cerebrospinal – o mesmo fluido do qual os vasos linfáticos meníngeos removem resíduos.
“Embora não possamos reviver neurônios danificados, podemos otimizar seu funcionamento ao modular os vasos linfáticos meníngeos”, conclui Kipnis.
A pesquisa foi publicada na revista científica Cell.
Com informações de Science Alert.
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