Esse encontro possibilitou a coleta de dados valiosos sobre Urano. Agora, décadas depois, cientistas estão revisitando esses dados para investigar anomalias e aspectos curiosos do planeta.
De acordo com um estudo recente publicado na revista Nature Astronomy, uma equipe de pesquisadores sugere que algumas das características inusitadas observadas em Urano podem ser explicadas por um evento cósmico ocorrido pouco antes da coleta dos dados. O estudo aponta que uma tempestade espacial que ocorreu nas proximidades da passagem da Voyager 2 provavelmente comprimiu a magnetosfera de Urano, o que alterou as medições feitas. Caso as observações tivessem sido realizadas dias antes, os dados recolhidos poderiam ser significativamente diferentes.
Antes do novo estudo, os cientistas já haviam identificado algo peculiar nos dados da magnetosfera de Urano coletados pela sonda Voyager 2, que revelavam cinturões de radiação de elétrons com uma intensidade extremamente alta. Além disso, notaram que o planeta quase não possuía plasma, o que inicialmente parecia contraditório. No entanto, o fenômeno climático observado no novo estudo pode explicar essas anomalias.
De acordo com Jamie Jasinski, principal autor da pesquisa e associado do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, “Se a Voyager 2 tivesse chegado apenas alguns dias antes, ela teria observado uma magnetosfera completamente diferente em Urano. A espaçonave viu Urano em condições que ocorrem apenas cerca de 4% do tempo”. Essa observação sugere que, devido a uma tempestade solar, a magnetosfera de Urano foi temporariamente comprimida, alterando as condições que a sonda observou.
A magnetosfera de Urano, como a da Terra e de outros planetas, atua como um escudo contra partículas carregadas do vento solar. A análise mais recente dos dados sugere que o vento solar foi a principal causa da perturbação na camada magnética de Urano, o que levou a Voyager 2 a registrar níveis incomuns de plasma e cinturões intensos de elétrons.
Esses novos insights podem ajudar os cientistas a entender melhor o comportamento da magnetosfera de Urano e como fenômenos espaciais podem afetá-la de maneira imprevisível.
Em um comunicado oficial, Linda Spilker, cientista do JPL (Jet Propulsion Laboratory), recordou claramente o momento em que a Voyager 2 passou por Urano em 1986. Ela explicou que, embora os dados coletados na época tenham gerado várias dúvidas entre os cientistas, o estudo recente traz novas respostas que não estavam disponíveis naquela época.
Spilker e a equipe de pesquisa postulam que a compressão temporária da magnetosfera de Urano, causada por uma tempestade solar, pode ter intensificado os fluxos de elétrons energéticos nos cinturões de radiação e, ao mesmo tempo, esvaziado temporariamente a magnetosfera de seu plasma. O estudo sugere que a interpretação anterior da magnetosfera de Urano como extrema pode ser, na verdade, um reflexo das condições incomuns do vento solar no momento do sobrevoo da Voyager 2.
Esses novos dados podem mudar a forma como entendemos os fenômenos magnéticos em Urano e como eles podem ser influenciados por eventos cósmicos como tempestades solares.
Achou útil essa informação? Compartilhe com seus amigos!
Deixe-nos a sua opinião aqui nos comentários.