Brilho Auroral Finalmente Detectado Graças à Potência do Webb
Netuno está localizado nos confins frios e escuros do nosso Sistema Solar, a cerca de 4,5 bilhões de quilômetros do Sol, no limite mais distante da nossa sequência planetária.
Apenas uma espaçonave visitou Netuno: a Voyager 2 da NASA, em 1989. Desde então, telescópios como o Hubble monitoram o planeta, rastreando seu clima dinâmico e até descobrindo uma nova lua em 2013.
Frequentemente retratado como um orbe azul tranquilo, Netuno exibe ocasionalmente manchas escuras que aparecem e desaparecem sem aviso. Agora, o Telescópio Espacial James Webb da NASA revelou algo inédito: uma aurora brilhante e cintilante atravessando a atmosfera do planeta, capturada em detalhes infravermelhos pela primeira vez.
Primeira Captura Direta das Auroras de Netuno
Pela primeira vez, o Telescópio Espacial James Webb capturou com clareza auroras intensas em Netuno. As auroras são formadas quando partículas de alta energia, frequentemente vindas do Sol, são aprisionadas pelo campo magnético do planeta e colidem com sua atmosfera superior, gerando um espetáculo luminoso.
Astrônomos já haviam identificado indícios de atividade auroral em Netuno, inclusive durante a passagem da Voyager 2. No entanto, ao contrário de Júpiter, Saturno e Urano, a confirmação visual das auroras de Netuno permaneceu inalcançável por décadas.
Sensibilidade Infravermelha do Webb Fez a Diferença
“Capturar as auroras de Netuno com imagens foi possível apenas graças à sensibilidade infravermelha do Webb”, afirmou Henrik Melin, da Universidade de Northumbria. “Fiquei impressionado não apenas em ver as auroras, mas com a riqueza de detalhes capturados”.
Os dados foram coletados em junho de 2023, utilizando o Espectrôgrafo de Infravermelho Próximo do Webb. Além das imagens do planeta, os astrônomos também registraram um espectro detalhado para caracterizar a composição e temperatura da atmosfera superior de Netuno. Pela primeira vez, foi identificada uma linha de emissão proeminente do cátion trihidrogênio (H3+), que é comumente associado a auroras em gigantes gasosos.
O Brilho do Trihidrogênio: A Assinatura das Auroras
“O H3+ sempre foi um indicativo claro de atividade auroral em Júpiter, Saturno e Urano. Esperávamos detectar em Netuno, mas apenas o Webb permitiu essa confirmação definitiva”, explicou Heidi Hammel, cientista interdisciplinar do Webb.
Diferente das auroras terrestres ou das de Júpiter e Saturno, as auroras de Netuno estão localizadas em latitudes médias do planeta, similar à posição da América do Sul na Terra. Isso se deve à inclinação extrema de 47 graus do campo magnético de Netuno, descoberta pela Voyager 2, o que faz com que as auroras ocorram longe dos polos magnéticos.
Vento Solar e o Gigante de Gelo
A detecção inovadora das auroras de Netuno ajuda a entender como seu campo magnético interage com as partículas do vento solar, abrindo uma nova janela para a ciência atmosférica dos gigantes de gelo.
Os dados do Webb também revelaram que a atmosfera superior de Netuno esfriou significativamente desde a passagem da Voyager 2. “Fiquei surpreso ao descobrir que a temperatura caiu centenas de graus”, disse Melin. “Em 2023, a temperatura era pouco mais da metade do que em 1989”.
Por Que as Auroras de Netuno Permaneceram Ocultas
Astrônomos previam a intensidade das auroras de Netuno com base nas temperaturas registradas pela Voyager 2. Uma temperatura mais baixa reduz o brilho das auroras, o que explica por que elas permaneceram indetectáveis por tanto tempo. Essa queda dramática também sugere que essa região da atmosfera pode mudar significativamente, apesar da grande distância do Sol.
Com essas novas descobertas, os cientistas agora planejam estudar Netuno com o Webb ao longo de um ciclo solar completo de 11 anos, o que pode oferecer pistas sobre a origem e a inclinação extrema de seu campo magnético.
Missões Futuras e Impacto Duradouro
“Agora que sonhamos com futuras missões a Urano e Netuno, sabemos o quão essencial será utilizar instrumentos sensíveis ao infravermelho para continuar estudando as auroras”, afirmou Leigh Fletcher, coautor do estudo.
Essas observações foram conduzidas como parte do programa de Observação Garantida liderado por Hammel. Os resultados foram publicados na revista Nature Astronomy, abrindo um novo capítulo na exploração dos gigantes de gelo do Sistema Solar.
Com informações de Sci Tech Daily.
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