O renomado treinador de futebol espanhol Josep Guardiola, com passagens por grandes equipes como Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City, sempre defendeu a ideia de que os campeonatos são vencidos nas últimas oito rodadas e perdidos nas oito primeiras. Essa teoria despertou a atenção de muitos times para a importância de um bom começo no campeonato, buscando ficar próximos da liderança, e de um final sólido, sem perder o controle da campanha realizada até então.
Essa lei, de origem esportiva, também pode se aplicar a outras áreas. E isso não é diferente quando se trata de projetos na construção civil. Ao analisar a tradição desse setor, pode-se constatar que muitas empresas acabam perdendo seu “campeonato” ao atrasar prazos ou exceder custos, justamente por não darem a devida atenção às fases de Ramp-up (Mobilização) e Phase-out (Desmobilização).
Essas fases que, juntas, representam entre 20% e 25% do progresso dos projetos, são frequentemente negligenciadas pela gestão que, muitas vezes, delega a responsabilidade a equipes com pouca autonomia e autoridade para garantir a agilidade necessária.
Na maioria dos casos, o gestor da obra entra no projeto já no meio do “campeonato” e acaba saindo antes do final, pois precisa gerenciar outra obra que já foi iniciada. Essa constante troca de gestores ao longo do projeto é apenas um dos problemas que explicam por que as empresas perdem “pontos” no início e na reta final.

Além disso, outros fatores também podem ser identificados, como o longo tempo necessário para mobilizar equipes, a falta de colaboração e priorização na fase de concepção dos projetos, a carência de integração entre produção e qualidade e a ausência de uma sistemática eficaz para remover restrições, entre outros.
A realidade é que esses conceitos da Lei de Guardiola precisam se difundir na indústria da construção civil, pois, somente assim, veremos um movimento das empresas reconhecendo a importância da estruturação adequada do Ramp-up e do Phase-out nas obras, visando obter uma partida mais ágil e um maior controle na fase final.
Dados e estatísticas reforçam a relevância dessa abordagem. Uma análise da McKinsey indicou que, de 2015 a 2019, época pré-pandemia, a produtividade na construção civil caiu. Analisando 100 megaprojetos brasileiros, a consultoria identificou que 80% deles estouraram o orçamento e tiveram atrasos de quase 20 meses. E a maior parte desses atrasos aconteceu durante as fases iniciais e finais do projeto – o que destaca a importância de um planejamento e execução eficientes do início até a conclusão da obra.
Além disso, é fundamental considerar o impacto financeiro dessas fases. A falta de uma boa gestão do Ramp-up e do Phase-out pode representar um aumento expressivo nos custos de em um projeto. Portanto, está claro que negligenciar essas etapas pode resultar em prejuízos significativos para os negócios do setor.
É nesse contexto que a Lei Guardiola, quando aplicada na construção civil, pode tornar mais eficiente todos os processos. Ainda utilizando jargões do futebol, é preciso deixar de lado aquela máxima que diz que “em time que está ganhando não se mexe”, pois, para vencer, é preciso colocar para jogo os profissionais corretos na largada e também dar a devida atenção às últimas etapas. Assim, amplia-se muito as chances de entregar a obra sem atrasos e dentro do orçamento estipulado. E isso é tudo o que mais se deseja!
Achou útil essa informação? Compartilhe com seus amigos!
Deixe-nos a sua opinião aqui nos comentários.