As mulheres ficam atrás dos homens na lucrativa indústria da ciência da computação e tecnologia, e uma das possíveis causas da disparidade é que elas são menos propensas a se inscrever em cursos introdutórios de ciência da computação.
Um novo estudo com 270 estudantes do ensino superior feito pela Universidade de Washington (UW), nos Estados Unidos, mostrou que um número três vezes maior de garotas se interessaria em se matricular em aulas de ciência da computação se elas fossem reformuladas de uma forma menos “geeky” e mais convidativa. Os resultados revelaram uma maneira prática para ajudar os professores a diminuir a diferença entre os gêneros na ciência da computação, ajudando a fazer com que as meninas sintam que pertençam à área tanto quanto os meninos.
“Nossas descobertas demonstram que o design das aulas realmente importa – ele pode transmitir estereótipos a estudantes colegiais de quem pertence ou não pertence à ciência da computação”, disse a principal autora do estudo, Allison Master, uma pesquisadora de pós- doutorado do Instituto de Ciências do Aprendizado e do Cérebro (I-LABS) da UW. O estudo foi publicado online no Journal of Educational Psychology.
“Esta é uma idade importante para o recrutamento na área, porque, na adolescência, as meninas estão começando a se focar em suas opções e aspirações de carreira”, explica a acadêmica. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Ciência Nacional e teve como co-autores Sapna Cheryan, uma professora associada de psicologia da UW, e Andrew Meltzoff, co-diretor do I-LABS.
A abordagem da pesquisa revela uma nova maneira de atrair meninas aos cursos introdutórios: o ambiente de aprendizado desempenha um papel importante no engajamento de meninas na ciência da computação desde o ensino médio.
No estudo, alunos e alunas colegiais (entre 14 e 18 anos) responderam questões sobre:
O interesse em se matricular em uma disciplina de ciência da computação;
A sensação de pertencer às aulas de ciência da computação;
O quanto eles achavam que suas personalidades “combinavam” com o estereótipo da ciência da computação.
Então, a equipe da Universidade de Washington mostrou aos estudantes fotos de duas salas de aulas diferentes de ciência da computação, uma decorada com objetos que representavam o estereótipo “nerd” da área, incluindo partes de computador e pôsteres de Star Trek; e outra sala sem estereótipos, contendo itens como imagens de arte e da natureza.
Os estudantes tinham de dizer qual sala de aula eles preferiam e então responder as questões sobre interesses em aulas de ciência da computação e o que achavam e sentiam sobre os estereótipos da área. Sessenta e oito por cento das meninas prefeririam a sala de aula não-estereotipada em comparação a 48% dos meninos. As garotas também se disseram três vezes mais propensas a se interessar em se matricular em um curso de ciência da computação se a sala de aula fosse mais parecida com a não estereotipada. Os meninos não tiveram preferência entre as salas e a aparência do ambiente de estudo não mudou o nível de interesse deles em ciência da computação.
“Os estereótipos fazem as garotas sentirem que não ‘combinam’ com a ciência da computação”, disse Allison Master. “Isso é um barreira que não existe para os meninos. As meninas precisam lidar com um nível extra de pertencimento que os meninos.”
Os pesquisadores afirmam que mudar os estereótipos da ciência da computação para fazer com que mais estudantes sintam-se bem-vindos em salas de aulas do ensino médio ajudaria a atrair mais meninas à área, que tem uma das porcentagens mais baixas de profissionais do sexo feminino entre as áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Texto traduzido e adaptado de Science Daily por Brenda Bellani