Realmente gosto de olhar definições de palavras em dicionários. O real significado das palavras consultadas fica bem claro, e podemos então utilizá-las com certeza e precisão. Assim, dando uma olhada no sentido exato de “engenharia”, sempre gostei muito da definição que achei no “Novo dicionário de língua portuguesa” [1], por sintetizar, em minha opinião, todos os elementos que compõem a beleza dessa profissão tão antiga… É ela:
“A arte de aplicar conhecimentos científicos e empíricos e certas habilitações específicas à criação de estruturas, dispositivos e processos que se utilizam para converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das necessidades humanas”.
Realmente, engenharia é arte criativa, baseada em conhecimentos fundamentais e específicos e que, desde tempos imemoriais, vem resolvendo os problemas com os quais a humanidade se defronta. Basta olhar em volta! Não é à toa que nossa carreira é uma das mais antigas da humanidade!
Mas fico cada vez mais encantado com a profissão que escolhi quando vejo uma aeronave pesando mais de 200 toneladas alçando voo tranquilamente, quando passo por viadutos altíssimos ou tuneis de quilômetros de comprimento quando viajo, quando utilizo o celular, sabendo de toda a altíssima tecnologia que há por trás desta maravilha tecnológica, quando me comunico facilmente via internet com qualquer ponto do mundo… E quantos são os exemplos que poderia dar a respeito! Não são obras de arte, e das mais lindas? E então me recordo que, quando em uma viagem aos Estados Unidos, defrontei-me, no museu de história natural de Denver, Colorado, com uma ponta de flexa datada de aproximadamente 1.750.000 anos! Uma perfeição artística em sua confecção, e que atendia às necessidades de defesa e caça da comunidade do artesão que a confeccionou… Obra de engenharia? Na minha opinião, sim, pois ele utilizou os conhecimentos científicos disponíveis em sua época (a pedra mais dura, mas fácil de modelar), seu “jeitão” de artesão, sua prática e experiência, para criar aquele dispositivo tão útil naquela época a partir dos recursos naturais dos quais dispunha…
E então fico pensando também em como a tecnologia da confecção da flexa teve continuidade… Talvez quando um jovem daquela comunidade interessou-se por ela e aproximou-se do artesão, observando-o e tentando, com sua orientação, fazer algo semelhante. Seria o esboço de uma vocação? Seria que o artesão, necessitando de mais flechas, reuniu um pequeno grupo de aprendizes? Seria que deste pequeno grupo não saíram novas ideias, novos formatos, novos materiais, configurando assim inovações? Tenho quase certeza de que sim, e aqueles jovens, utilizando as suas habilitações específicas citadas na definição, partiram para dar continuidade e propor melhorias na confecção daquele dispositivo tão útil à sua comunidade…
E atualmente? Como poderemos incentivar mais os jovens para a prática da verdadeira engenharia? Quais os conhecimentos básicos a ministrar para que os engenheiros então formados possam utilizá-los durante toda sua carreira? Quais as atitudes e habilidades que neles temos que desenvolver para que tenham sucesso? Como motivá-los para sempre estar atentos às novas necessidade da sociedade, para então inovar?
Enfim, são muitas as perguntas que poderíamos fazer para que nossa engenharia seja cada vez melhor, nossas instituições formadoras de engenheiros possam ser cada vez mais eficazes, e nossos profissionais possam ter cada vez mais sucesso e melhor servirem às suas comunidades… Não é verdade?
Referência:
[1] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário de língua portuguesa. Nova Fronteira, 2a ed.1986.
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