Mas que frase polêmica intitula esta matéria, não? Afinal, não percebemos como tantas inovações nos são oferecidas, a cada dia, sem que percebamos bem de onde nasceram… É que elas são geradas em laboratórios especializados, equipes de P&D (pesquisa/desenvolvimento) em empresas, boas e modernas instituições de ensino, empreendedores dedicados, visionários que pesquisam o futuro e nele se aprofundam em suas possíveis necessidades e oportunidades, etc. E são cultivadas por gerências de empresas receptivas, modernas e eficazes, métodos de trabalho humanizados, metodologias de ensino empreendedoras, incentivo e apoio aos empreendedores nascentes, incubadoras de empresas, enfim, por estruturas que acreditam e estimulam a inovação…
E, afinal, uma inovação não é somente uma coisa totalmente nova, mirabolante, cara e voltada para o campo da ficção científica… Na realidade, segundo o Manual de Oslo [1], base mundial de definições e conceitos sobre inovação: “quem diz inovação diz algo de novo, útil, necessário. Qualquer coisa, pois inovações existem de todos os tipos: científicas, comerciais, organizacionais e tecnológicas”. Pois é… Uma simples modificação de algo que então apresente uma novidade, utilidade ou que se mostre útil e necessário é uma inovação! Então podemos achar ou criar inovações desde dentro de nosso ambiente familiar ou de trabalho até em uma grande empresa, em qualquer um de seus setores…
De fato, ela pode ser vista sob dois aspectos distintos: pode ser radical, ou seja, introduzir algo totalmente novo no mercado – é o caso de novas tecnologias, por exemplo, ou produtos ou serviços que revolucionem totalmente uma determinada área; ou pode ser incremental, representada por mudanças e acréscimos em um determinado produto, de modo a acrescentar novidades que lhe aumentem o valor agregado. E, também, de acordo com o Manual de Oslo [1] deve poder ser introduzida no mercado, e nele ter sucesso comercial. Aqui, entra um motivo de interessantes discussões sobre “invenção” e “inovação”: uma invenção, caso não seja introduzida no mercado, seria uma inovação? Pelo Manual de Oslo, segundo o parágrafo anterior, não… Mas as invenções, mesmo que meio “malucas”, são profundamente importantes, pois podem abrir caminhos para o surgimento de muitas inovações…
Vamos então a um exemplo, baseado na figura que encabeça esta matéria, dispositivo interessante que foi realmente patenteado nos EUA com o número de patente 6293874. Talvez a única necessidade a atender seja a diversão, e provavelmente não tem valor comercial, não sendo então oficialmente considerado uma inovação… No entanto, a ideia de usar a força física para girar a roda com os sapatos poderia ser aproveitada, por exemplo, em uma academia de ginástica, em que grande energia física é despendida pelos exercitantes, que lá comparecem exatamente com essa finalidade. Os exercícios, provocando o acionamento de geradores elétricos, poderia fornecer boa quantidade de energia para própria academia…
Então, em nossa sociedade atual, que apresenta cada vez mais diversas e múltiplas necessidades, inovar é primordial, porque as coisas e estilos de negócio envelhecem rapidamente e mesmo morrem em sua utilidade! Daí, a necessidade urgente de, em nossos ambientes educacionais e escolares, incentivarmos a inovação, propondo desafios às nossas crianças, bem como aos nossos jovens e alunos, ensinando-os a criarem e persistirem em suas ideias, a trilharem novos caminhos, a participarem da vida real, e tudo isso em meio à metodologia de ensino atual, na sua maioria das vezes, conteudista e ineficaz. Criemos pessoas questionadores, observadores, curiosas, resilientes, enfim, inovadoras… Que desafio!
Referência:
[1] “Manual de Oslo – diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação” – OECD – Organização. para Cooperação e Desenvolvimento Econômico/Gabinete Estatístico das Comunidades Européias. Publicado pela FINEP- Financiadora de Estudos e Projetos – MCT. 3ª edição – 1997.
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