Uma vez li uma frase com a qual concordo plenamente – desculpem-me, não me lembro do autor… É ela: “a criatividade faz parte da natureza humana. Só pode ser desaprendida”. De fato, como espécie, se não dispuséssemos dela e a tivéssemos desenvolvido, não teríamos sobrevivido… Foi ela que nos permitiu construir as primeiras ferramentas, os primeiros utensílios, bem como desenvolver as primeiras tecnologias… E essa tendência naturalmente humana sempre continua e continuará. E assim, das cavernas em que habitávamos, como caçadores coletores, hoje já estamos ousando o espaço…
E por que, ao longo da vida, fomos desaprendendo a ser criativos? São muitos os fatores que nos são impostos pela vida moderna. De modo geral, nossa vida é mais fácil do que nos tempos “antigos”: há mais segurança quanto aos predadores (menos, é claro, os “invisíveis – mas mesmo para esses temos boas tecnologias de defesa…), é mais fácil obter alimentos, etc. E os costumes sociais, rotineiros e usuais, também são fatores que nos moldam em um modo mais “bitolado” de vida… Acrescente-se a tudo isso nossos modelos mentais oriundos do sistema escolar em geral, muito conteudista e pouco voltado à vivência das situações que enfrentamos e enfrentaremos na vida… Não é uma verdade, até meio “dolorida”?
O que fazer, então? Voltarmos no tempo e adotarmos os hábitos e costumes do passado? Claro que não! Afinal, evoluímos e muito! Mas podemos aproveitar muito do que fomos e somos hoje… A mentalidade de criança, por exemplo. As crianças são extremamente criativas, e isso é natural em nossa espécie. Portanto, temos que resgatar, na nossa vida adulta, esta característica em nossos ambientes social, familiar, e mesmo profissional, quando necessário. Não é à toa que grandes cientistas, e mesmo pessoas que conheço, que são extremamente inovadoras e criativas, às vezes pensam e agem como crianças, e às vezes são até tachadas de loucas… Um exemplo: Einstein afirmava que só descobriu a Teoria da Relatividade porque pensou nos problemas que envolviam as relações entre espaço e tempo com mentalidade de criança, mas usando ferramentas de adulto… Para nós, “adultos comuns”, espaço/tempo são coisas comuns e imutáveis, não?
Outro detalhe importante a comentar é que muitos autores que estudam e publicam sobre criatividade, assumindo que já estamos com problemas oriundos da perda de parte da criatividade original, desenvolveram metodologias e ferramentas que nos ajudam a superar esta dificuldade… De modo geral, estas metodologias e ferramentas são baseadas em processos que nos tiram do usual e nos levam para outros campos de uso da nossa mente, mais livres e desimpedidos. E interessante: são divertidas, alegres, embora nos exijam atuar com pensamentos divergentes e até às vezes meio loucos… Tais autores também estimulam o trabalho em equipe, pois se uma cabeça pode pensar até bem, várias então…
Criar também exige disciplina mental, porque às vezes podemos chegar a algum beco sem saída, um “bloqueio criativo”… E esse fato pode ser benéfico, desde que não desistamos e continuemos a procurar uma solução que, se perseverarmos, vai aparecer… Ou melhor: poderão surgir novas ideias e soluções, que agregadas aos outros problemas que temos, podem nos indicar novos caminhos para tais problemas…
Finalmente, “observar” o mundo ao redor, de modo habitual, pode de repente nos trazer “insights” e dados que nos permitirão resolver problemas de modo inédito. Isso já aconteceu, e muitas vezes, com grandes inventores e inovadores…
Vamos discutir um pouco mais sobre essas considerações nas próximas semanas? Até lá, então!
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