Após pandemias ou outros eventos catastróficos, como grandes guerras ou dramáticos eventos climáticos e geológicos, a história nos mostra que ocorrem profundas mudanças na sociedade e nos indivíduos. E, se não aprendermos com estes eventos, que, no caso de pandemias, são relativamente periódicos, então sofremos à toa…
A engenharia, que tem tanto impacto em nossa vida, não foge desta necessidade. Ela progride muito em épocas de crise, é natural, pois ela existe para resolver problemas humanos – é o seu DNA. Mas também deve se modificar, à luz das novas realidades. Vamos dar uma pensada sobre isto?
Uma consideração inicial e importante a respeito é considerar uma engenharia que poderíamos chamar de social, ou coletiva. Durante a pandemia, se formos observadores, verificamos a nossa vulnerabilidade, como seres humanos que somos. Em minha opinião, essa tomada de consciência sobre a nossa, não diria fraqueza, mas repito, vulnerabilidade, como seres inseridos na natureza como todos os outros seres viventes, nos leva a pensar que realmente sempre sobrevivemos como espécie devido a termos aprendido a viver em comunidade. Por esse motivo, temos a obrigação de pensar que nossa engenharia deve prestar-se a toda a comunidade, e sua utilização deve ser compartilhada por todos. Não é a toa que os cientistas ligados à área de saúde queixam-se, e muito, da péssima utilização que fazemos das redes sociais, em relação às “fake news”. A disseminação de falsas e discrepantes notícias prejudicou em muito o desenvolvimento de remédios ou vacinas para o Covid 19: tanta confusão, tantas informações falsas, tantas expectativas frustradas, quanta automedicação prejudicial, quanta falta de dados confiáveis em nível internacional, etc. E isto não causado pelas redes sociais em si; foi, sim, de quem as usou sem pensar na coletividade.
Outra característica a comentar é a de que a engenharia deve sempre estar vigilante e no controle de possíveis consequências a nível global. Nós, engenheiros, ao desenvolvermos algo novo e inovador, deveríamos sempre estar pensando em seus possíveis efeitos, em longo prazo, para contorná-los do melhor modo possível. Não se trata aqui de deixar de inovar, é claro; mas sim de procurar ver como a humanidade vai receber esta inovação, e de como provavelmente vai conviver com ela. Por exemplo, em breve teremos conosco carros voadores autônomos – tecnologia para isto já existe, e protótipos já estão em uso. Como ficarão as regras de tráfego aéreo? Como ficarão as grandes e densas aglomerações urbanas para recebê-los com segurança? O que mais poderia mudar na sociedade com a corrente utilização deste novo tipo de veículo? Exercício difícil, mas necessário…
Eu ousaria até considerar que o crescimento da ciência pela ciência, sem o que foi considerado acima, pode tornar-se um perigo para a humanidade. Sim, com nossa engenharia, praticada sem os devidos cuidados éticos, poderemos ultrapassar limites desconhecidos. Então vale aqui recordar para o que existimos e somos vocacionados como engenheiros: devemos sempre utilizar nossos conhecimentos, vocações, e habilidades para resolver os problemas da humanidade, e não multiplicá-los…
Vamos continuar a refletir sobre estas novas facetas da engenharia na semana que vem? Legal! Até lá, então…
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