Bem, pelo menos para mim e para a maioria dos alunos que delas participaram, interessaram, e muito… E como já compartilhei, no “Engenharia em Pauta” da semana passada, duas experiências muito interessantes que vivenciei no exterior, gostaria agora de compartilhar mais duas, agora em nosso ambiente, e que tive o prazer de coordenar.
O caso é que, como docente de engenharia em uma instituição de porte, sempre me preocupei em levar aos meus alunos experiências reais, de verdadeira vivência em engenharia. E a instituição na qual estava me deu esta oportunidade, cedendo-me a docência de duas “Atividades Curriculares Complementares”, determinadas acertadamente pela legislação vigente.
Na primeira, procurando dar aos alunos o sabor de criar e “engenhar”, eu sugeria, a cada semestre letivo, no terceiro período do curso de engenharia, um “desafio” de criar algo que não existia usualmente, para resolver um problema que eu mesmo criava, mas obtido de observação do ambiente em volta. Um exemplo: sugeri, em um determinado semestre, que em uma pedreira muito remota, na qual a área de extração das pedras era muito alta (“área de corte”), e na qual era muito difícil chegar qualquer tipo de energia suficiente para acionar um elevador até esta área, que eles desenvolvessem, em equipes, um elevador que funcionasse apenas com a energia que fosse obtida pela energia gravitacional contida nas pedras que tinham que ser descarregadas. Este elevador deveria funcionar como qualquer elevador, com paradas comandadas, e assim por diante, e não poderia interromper a descarga normal das pedras. Além da “bolação”, cada equipe deveria apresentar, ao final do semestre, em exposição pública, um protótipo funcionando perfeitamente. Pois bem: cada equipe apresentou seu protótipo, todos funcionando perfeitamente, e com soluções geniais, que inclusive comportou um interessantíssimo sistema lógico baseado em roldanas. Isto é engenheirar! Aprenderam a pensar criativamente, a pesquisar, e se comunicar, e, pasmem, a utilizar ferramentas usuais, que alguns nem conheciam! E nós nos divertíamos muito, a cada período, e isto é muito bom – criar é ótimo!
Na segunda experiência, agora mais voltada à área de empreendedorismo, cada equipe, agora no oitavo período do curso de engenharia, deveria criar uma empresa que realmente comercializasse algum tipo de produto, mas que fosse inovador, ou se apresentasse de modo inovador. A avaliação se dava pelo faturamento real, com um mínimo aceitável, obtido por cada equipe (o lucro obtido ficava para ela…), e pelo nível de inovação apresentado pelo produto, modo de comercialização, etc.. Esta empresa deveria seguir todos os trâmites legais para sua criação: contrato social (avalizado por mim, com alguma burocracia…) alvará para funcionamento (este obtido na Prefeitura do Campus – e com determinação para ser um pouco demorado…), auditorias periódicas (que levavam a eventuais alterações de produto durante o semestre…), demonstrativo contábil no final, etc. Segundo depoimento de alunos, alguns nem tinham ideia do que era um contrato, como era difícil comunicar-se com clientes, fornecedores, o risco do investimento, problema societários, e assim por diante…
È evidente que alguns alunos não gostaram desta saída da rotina: fazer o que? Mas coloco aqui apenas um dos vários comentários dos alunos, em seus relatórios finais: “o projeto foi uma demonstração do poderá vir a ser o trabalho como engenheiro. Desafios nos serão impostos e amplamente cobrados. A solução de tais desafios, em um primeiro momento, pode parecer extremamente difícil. Porém, com um plano de desenvolvimento corretamente estruturado, e uma equipe bem selecionada, grande parte das dificuldades pode ser superada”.
Bom, não é?
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