Se, como afirmei e justifiquei, em nossas conversas anteriores, que não é viável falar-se em “ensinar” empreendedorismo, agora volto a afirmar é possível desenvolvê-lo… Para tal, é conveniente verificar como o empreendedor aprende e se desenvolve. Segundo Dolabela (1), o empreendedor “aprende” da seguinte forma:
-
- solucionando problemas
- fazendo sob pressão
- interagindo com pares e outras pessoas
- através de trocas com o ambiente
- aproveitando oportunidades
- copiando outros empreendedores
- pelos próprios erros
- através de feedback
Assim, é preciso uma metodologia especial, mais natural do que as utilizadas pelo sistema escolar formal, para lograr “aprendizagem” e desenvolvimento empreendedor.
Segundo o mesmo Dolabela, em brilhante palestra proferida no “XII Workshop Empreendesur Brasil Red EmpreendeSUR”, realizado no Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL), em Santa Rita do Sapucaí – MG, em outubro de 2019, a escola que se propõe a desenvolver empreendedorismo em seus pupilos deve ser um “hub” que permita com que o que foi citado acima aconteça. E também, na mesma palestra, ele afirma que o empreendedor aprende errando, o que é geralmente execrado no sistema escolar formal.
Complicado? Não é, desde que haja no docente paixão pelo ato de ensinar, criatividade, resiliência, persistência, e vontade de fazer acontecer… E a satisfação que o docente passa a ter, quando vê os olhos de seus pupilos brilharem ao descobrirem que eles mesmos podem construir seu próprio destino, é muito compensadora.
Vamos verificar alguns exemplos de como tudo isto pode ser feito? A utilização de Metodologias Ativas, como o PBL (Project Based Leaning) já iniciaria uma boa revolução no sentido que desejamos, que é o desenvolver o empreendedorismo. No PBL, os alunos são desafiados a aprender o conteúdo através da resolução gradativa de problemas que, quanto mais reais, melhor. E, ainda mais importante, trabalhando em equipes. O professor atua como o gerador dos problemas, nunca dando a solução, mas sim instigando e ajudando os alunos a buscarem a mesma, e mesmo a descobrirem outros caminhos, com novas soluções para problemas subsidiários. Portanto, como também afirma Dolabela, o bom professor não é o que dá as respostas, mas sim aquele que faz as perguntas certas… Você pode constatar que utilizando este tipo de metodologia, praticamente todos os fatores de aprendizagem que geram desenvolvimento empreendedor estão contemplados, já que os alunos passam a ter oportunidade de investigar, discutir, criar, descobrir novas tecnologias, errar, aceitar a opinião dos colegas, etc. E assim podem alcançar a grande alegria de realizarem algo de concreto com o que estão aprendendo, agora de modo definitivo…
Vamos continuar este “papo” na próxima semana, no “Engenharia em Pauta”?
Referência:
- DOLABELA, F. Oficina do Empreendedor – a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura Editores Associados, 2003 – 5ª impressão. 275 p.
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