Essa inovação representa uma nova abordagem para a energia eólica, desenvolvida pelos irmãos Andris e Anna Sutka, da Universidade Técnica de Riga, na Lituânia. Eles planejam aplicar esse tecido na frente de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, aproveitando o ar que sai desses dispositivos para reduzir o consumo de energia.
O diferencial dessa “cortina” está em seu material, que é poliestireno reciclado, popularmente conhecido como isopor. A equipe descobriu que, ao empilhar várias camadas desse material, cada uma com a espessura de um décimo de um fio de cabelo humano, é possível criar um tecido que gera eletricidade estática em quantidades significativas, suficiente para mover o material.
Esse tecido é classificado como um nanogerador triboelétrico, e sua utilização em conjunto com ar-condicionado ou ventiladores mostra-se bastante promissora.
“Conseguimos gerar eletricidade estática simplesmente com o ar passando sobre a superfície de nossos retalhos inteligentes e, em seguida, coletar essa energia”, explica o professor Peter Sherrell, da Universidade Técnica de Riga, na Austrália. “Há um grande potencial para capturar a energia do fluxo turbulento de ar das unidades de ar-condicionado, o que pode reduzir o consumo de energia em até 5% e, consequentemente, diminuir a pegada de carbono do sistema.”

[Imagem: Andris Sutka]
Colheita de Vento
Essa inovação representa mais uma alternativa dentro do conceito de colheita de energia, sendo capaz de gerar eletricidade que pode ser utilizada diretamente em residências.
Nos experimentos, as cortinas de poliestireno conseguiram produzir uma tensão máxima de cerca de 230 volts, semelhante à fornecida pela rede elétrica residencial, utilizada, por exemplo, para alimentar chuveiros elétricos, embora com uma potência consideravelmente menor.
“Os melhores resultados são obtidos através de compressão e separação, onde se observa velocidades mais altas e maior movimento, enquanto movimentos menores resultam em menos energia gerada”, explica Sherrell. “Isso indica que, além de condicionadores de ar, a integração de nossos tecidos em áreas de alto tráfego, como passarelas subterrâneas, poderia suplementar o fornecimento de energia local sem aumentar a demanda na rede elétrica.”

Imagem: Andris Sutka
Gerador de Eletricidade Estática
O fenômeno da eletricidade estática é conhecido há milênios e é bem compreendido em escalas macroscópicas, mas permanece um mistério na nanoescala.
“Nos últimos anos, temos aprimorado nossa compreensão sobre o que acontece nesse nível. Os plásticos se assemelham a milhões de pequenos fios, e quando dois filmes plásticos são unidos, esses fios se entrelaçam. Quando esses nós se rompem, cada parte da ligação quebrada acumula carga”, explica Sherrell. “Descobrimos como fazer com que o interior do poliestireno reformado friccione controladamente, fazendo com que toda a carga se alinhe na mesma direção para gerar eletricidade.”
A equipe então se dedicou a testar diferentes tipos de plástico, explorando qual estrutura molecular gerava mais eletricidade.
“Tornamos os materiais ásperos e macios, variamos a espessura e observamos como essas mudanças afetavam o fenômeno de carregamento”, continua Sherrell. “O auge de nosso aprendizado foi o desenvolvimento desses pequenos remendos simples que podem produzir uma quantidade considerável de energia. O sucesso dessa pesquisa agora depende da criação de dispositivos para uma variedade de aplicações comerciais, em colaboração com parceiros da indústria.”
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