Líderes do agronegócio brasileiro estão elevando a prioridade dada à inteligência artificial (IA) como ferramenta essencial para a sustentabilidade e competitividade do setor, especialmente diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas. É o que revela a pesquisa “A Reinvenção do Agronegócio Brasileiro”, realizada pela PwC Brasil.
Segundo o levantamento, 78% dos CEOs do setor agro pretendem investir na integração de IA com plataformas tecnológicas nos próximos 12 meses, superando a média nacional de 69% entre todos os setores. A expectativa é que essas soluções ajudem a enfrentar um cenário cada vez mais incerto, marcado por eventos climáticos extremos.
A preocupação com o clima é especialmente aguda no agro: 56% dos líderes do setor no Brasil classificam as mudanças climáticas como sua principal ameaça, bem acima da média nacional de 21% e da média global de apenas 14%. Para Maurício Moraes, sócio da PwC Brasil e líder do setor de Agronegócio, essa percepção é coerente com a realidade enfrentada pelo campo. “As mudanças climáticas são, de fato, a maior ameaça de curto prazo para o setor”, afirma.
Além disso, 44% dos executivos do agro acreditam que seus negócios se tornarão inviáveis nos próximos dez anos, caso não façam transformações significativas. A urgência por inovação é impulsionada pela necessidade de dados precisos. “Hoje, o produtor precisa mais do que máquinas — precisa de inteligência. Se os dados gerados não forem analisados, a empresa perde competitividade”, reforça Moraes.
A IA também é vista como um catalisador de lucros: 61% dos líderes acreditam que a tecnologia terá impacto positivo nos resultados financeiros já no curto prazo, um avanço considerável em relação aos 46% que pensavam assim em 2024. “A maturidade sobre o uso da IA cresceu, e com isso, a confiança no retorno também aumentou”, diz o executivo.
O Brasil tem avançado na adoção tecnológica no campo, mas ainda enfrenta barreiras, como a falta de precisão nas previsões climáticas. De acordo com Moraes, países desenvolvidos contam com softwares mais avançados, o que dá vantagem estratégica. “Um produtor pode ser seriamente impactado se ocorrer um evento climático inesperado justamente na janela de aplicação de insumos, por exemplo.”
Casos recentes como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca severa na Amazônia reforçaram essa percepção de risco climático entre os executivos do setor.
Para fomentar a inovação, 44% dos CEOs do agro já firmaram parcerias com hubs de inovação aberta ou outras organizações, superando a média nacional de 33%. Essas colaborações buscam soluções práticas para problemas já existentes, com foco em eficiência e produtividade.
“A inteligência artificial permite, por exemplo, aplicar fertilizantes de forma mais precisa, reduzindo custos e aumentando a eficácia no trato das lavouras”, destaca Moraes.
Outro desafio apontado na pesquisa é a escassez de mão de obra qualificada. No agronegócio, 38% dos líderes enxergam essa limitação como uma ameaça grave — número acima dos 30% da média nacional e dos 23% da média global. “Precisamos de profissionais capazes de coletar, analisar e interpretar dados para decisões mais acertadas no campo”, conclui o especialista.
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