Durante a Sessão Plenária 1634, o Sistema Confea/Crea, liderado pelo presidente Joel Krüger, tomou uma importante iniciativa para promover a qualidade do ensino nas áreas de Engenharia, Agronomia e Geociências. Foi aprovado por unanimidade um manifesto que será encaminhado ao Ministério da Educação (MEC) com o objetivo de expressar as preocupações do Sistema em relação à qualidade da formação dos cursos vinculados ao Sistema e propor ações práticas para melhorar essa situação.
No manifesto, o Sistema Confea/Crea manifesta grande preocupação com a contínua e crescente queda nos níveis de qualidade do ensino da Engenharia, Agronomia e Geociências no Brasil ao longo dos últimos anos. O Sistema reitera sua disposição em colaborar com o Sistema Educacional Brasileiro, sob a égide do MEC, para aprimorar a formação dos profissionais envolvidos, oferecendo a experiência dos atores do Sistema Confea/Crea. Uma das medidas propostas é a criação de um grupo de trabalho, nos moldes do estabelecido pela Portaria MEC nº 668/2022, com o objetivo de fornecer subsídios para a regulamentação da oferta dos cursos de graduação em Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia.
Outra medida prática sugerida pelo Confea é que o Ministério da Educação inclua explicitamente nos diplomas emitidos a modalidade de ensino adotada pela instituição, seja presencial, híbrida ou à distância. Além disso, é solicitado que a média das notas acadêmicas e a nota do egresso no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) sejam disponibilizadas, e que a nota do Enade seja adicionada ao histórico escolar em todas as ocasiões em que o exame for aplicado ao curso no qual o aluno estava matriculado. Por fim, o documento oferece ao Ministério a capilaridade do Sistema Confea/Crea, presente nos 27 estados da federação, para auxiliar na análise dos processos de reconhecimento e renovação de reconhecimento dos cursos vinculados ao Sistema Confea/Crea.
Embasamento
Para embasar o documento, a Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap) baseou-se em resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara de Educação Superior (CES). Além disso, utilizou dados do Enade nos anos de 2013, 2014, 2016, 2017, 2019 e 2021 para analisar as médias das notas das provas em 11 cursos de graduação. Essa análise revelou uma queda contínua nas médias das provas realizadas em 2014, 2017 e 2019 nos cursos de Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Engenharia Elétrica, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção e Engenharia Química.
O Sistema Confea/Crea percebe que a proliferação excessiva de cursos e a diversificação de títulos acadêmicos e profissionais têm levado à fragmentação do conhecimento em nichos muito específicos, descaracterizando o perfil profissional e limitando a atuação dos graduados no mercado de trabalho. Isso causa sobreposição de áreas de atuação e, consequentemente, resulta em disputas judiciais sobre atribuições profissionais.
Para abordar essa questão, o Confea deseja estabelecer um acordo de cooperação técnica semelhante ao acordo entre o Ministério da Educação e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2013, que teve como objetivo aprimorar os cursos de Direito. O objetivo é realizar estudos que subsidiem o estabelecimento de uma nova política regulatória para o ensino da Engenharia, Agronomia e Geociências, visando à melhoria da qualidade dos cursos no país. O coordenador da Ceap, conselheiro federal eng. agr. Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, esclareceu essa intenção de estabelecer um acordo de cooperação técnica visando à melhoria da qualidade dos cursos.
Achou útil essa informação? Compartilhe com seus amigos!
Deixe-nos a sua opinião aqui nos comentários.
3 Comentários
Bom dia!
Em dezembro de 2020 um deputado conseguiu aprovar em Brasília um decreto que desvalorizou ainda mais o Eng civil, derrubando seu salário para salário mínimo.
Uma coisa e estudar e ser engenheiro civil ,outra coisa é entender como as coisas funcionam na parte de baixo da pirâmide administrativa do Brasil. Esse deputado por ex , é dono de construtora , isso mostra seu interesse em alienar o engenheiro civil.
Exige se muito para ser um engenheiro civil,e isso é verdade, mas aqui em baixo aonde as coisas acontece, ou seja no dia a dia da construção civil, o que se vê, é um monte de construtoras cujo o dono não entende de construção, mas a lei lhe dá o direito de abrir uma construtora , metidos a ser engenheiro ,onde mandam e desmandam, fazem e constroem do jeito que acham certo , porque o pai dele fez assim ,ou porque o Sr Manoel pedreiro disse que sempre fez assim, aí pegam um engenheiro que na maioria das vezes sem dinheiro , assina essas obras para sobreviver, e assim segue esse País de merda.
Uma profissão desvalorizada, uma lei que permite qualquer coisa, um tentando levar vantagem sobre o outro, oportunismo, uma monte de gente que ocupa cargos ganham salários altíssimos sem entender nada de nada, enfim , se eu fosse comentar tudo o que vejo dentro da área de engenharia civil, e tudo que já vi no dia a dia , ficaria aqui o dia todo.
Conclusão: não é só ver o ensino , é preciso entender como as coisas funcionam na base da pirâmide.
O MEC tem cometido muitos erros amadores.
Errou feio, por exemplo, nestas novas regras que exigem que 10% da carga horária dos cursos seja em atividades de extensão.
Imagina um curso de engenharia que tem em torno de 4400h, 10% de extensão representam 440h!
E aí já estão incluídos os estágios.
Imagine um curso de engenharia que recebe 50 alunos no primeiro semestre e outros 50 no segundo.
Como são 10 semestres, teremos um mínimo de 500 alunos.
Teremos 500 alunos e cada um terá de realizar 440h de extensão!
São 22.000h de extensão por semestre!
Isto é simplesmente inviável!!
Na prática o que vai ocorrer é uma piora significativa da qualidade dos cursos, pois, para adicionar 10% de carga obrigatória em extensão, os cursos estão tendo de tirar 10% da carga existente. Saem disciplinas fundamentais e entra “nada” no lugar.
Os cursos ficarão com muitas lacunas de conhecimento
(já vi e já revisei novos projetos pedagógicos com esta regra absurda de 10% de extensão, viraram franksteins!).
Se o CONFEA esta preocupado com o que esta acontecendo, bom se preparar para o que vai vir por ai!
A piora vai ser muito maior nos próximos anos, quando os engenheiros “especialistas em extensão” chegarem no mercado!
Enfim, a obrigatoriedade de 10% em extensão de forma generalizada é uma burrice que só mostra a incapacidade de nossos “formuladores do MEC”.
Deveria ser uma sugestão e, cada curso, diante de sua realidade institucional, diante da realidade do mercado, diante das demandas e possibilidades, vai, aos poucos viabilizando atividades de extensão, mas sem esta política de empurrar de cima para baixo, goela abaixo estas “soluções” que só tem precarizado o ensino.
São soluções NEGACIONISTAS, pois negam a realidade nacional, as regionalidades e realidades de cada instituição, centro, departamento e cursos.
Outro ponto é esta coisa de aprovar cursos de engenharia de todo tipo;
A alguns anos, para dar uma padronizada nos cursos, trabalhou-se para reduzir o número de denominações e variações. Agora já estamos vendo, de novo, a aprovação de todo tipo de curso, tudo virou “engenharia”.
Apoio as demandas do CONFEA e acho que já passou da hora do CONFEA adotar o mesmo mecanismo utilizado pela OAB.
Provas nacionais para validação do título junto ao CONFEA.
Isto é urgente!
Tem muito engenheiro saindo com diploma e que não sabe o básico de engenharia.
É um filtro absolutamente necessário para as empresas de engenharia e para manutenção da qualidade dos cursos. Sem isso vão contratar “gato por lebre”.
Os resultados destas políticas do MEC, de enfiar goela abaixo soluções esdrúxulas estão bem claras e visíveis, queda drástica da qualidade e o ÚNICO CULPADO é o MEC!
PS: O que os alunos e empresas não sabem é que o MEC e demais órgãos e instituições associadas a educação burocratizaram demais as coisas. As decisões malucas do MP/Judiciário, estão provocando uma enxurrada de “novos mecanismos”, que engessam toda e qualquer atividade dos professores. Praticamente qualquer atividade requer o preenchimento de vários documentos e passa pela aprovação de dezenas de pessoas. Hoje, um professor passa mais tempo preenchendo documentos dos “sistemas” do que preparando material ou dando assistência aos alunos. Um bom governo eliminaria este engessamento que vem de decisões abusivas do MP/Judiciário, eliminaria esta burocracia absurda, e daria mais autonomia (de fato) para as universidades e professores.
Da forma como esta o sistema vai quebrar e os sinais já estão evidentes!
O CONFEA está vendo o que nós profissionais já perceberam há décadas.