O mundo enfrenta dificuldades em reduzir as emissões de metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes, apesar do compromisso de mais de 150 nações de cortar essas emissões em 30% até o final desta década. Pesquisas recentes mostram que, nos últimos cinco anos, as emissões globais de metano cresceram em um ritmo sem precedentes.
Artigos recentes publicados na Environmental Research Letters e na Earth System Science Data pelo Global Carbon Project, liderado pelo cientista Rob Jackson, revelam que as concentrações atmosféricas de metano já são mais de 2,6 vezes superiores aos níveis pré-industriais, atingindo níveis inéditos em pelo menos 800 mil anos.
O ritmo acelerado do aumento das emissões de metano está em linha com os cenários mais extremos de aquecimento global, o que pode resultar em um aumento superior a 3°C na temperatura global até o final deste século.
O metano, embora presente em menores quantidades na atmosfera, é um gás de efeito estufa muito mais potente que o dióxido de carbono no curto prazo. Suas principais fontes são a extração e queima de combustíveis fósseis, a agricultura (particularmente a pecuária) e os aterros sanitários.
Nos últimos 20 anos, as emissões de metano aumentaram em 61 milhões de toneladas, um crescimento de 20%, impulsionado principalmente pelas atividades de mineração de carvão, extração de petróleo e gás, além da expansão da criação de gado. Essas indústrias têm desempenhado um papel central no aumento das emissões globais desse potente gás de efeito estufa.
Embora a União Europeia e, possivelmente, a Austrália tenham conseguido reduzir suas emissões de metano, a maioria dos outros países, especialmente na China e no sudeste da Ásia, registrou aumentos significativos.
Em 2020, atividades humanas emitiram quase 400 milhões de toneladas de metano, sendo que a agricultura e os resíduos contribuíram com uma parcela maior do que a indústria de combustíveis fósseis. Isso evidencia a importância de medidas abrangentes em setores diversos para enfrentar a crise climática.
Impacto da pandemia nas emissões de metano
A pandemia de COVID-19 teve um impacto misto sobre as emissões de metano. Embora tenha reduzido temporariamente as emissões de óxidos de nitrogênio, essa redução pode ter contribuído para o aumento das concentrações de metano na atmosfera, e os pesquisadores ainda estão avaliando o impacto completo da pandemia sobre o gás.
Além disso, o Global Carbon Project revisou suas estimativas sobre as fontes de metano, considerando o impacto de atividades humanas em ecossistemas como pântanos e cursos d’água. A construção de reservatórios, por exemplo, gera aproximadamente 30 milhões de toneladas de metano por ano, resultantes da decomposição de matéria orgânica submersa. Os cientistas agora estimam que cerca de um terço das emissões de metano provenientes de pântanos e ambientes de águas doces sejam influenciadas por atividades humanas, como o uso de fertilizantes e o aumento das temperaturas globais.
Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, os especialistas alertam que o mundo está se aproximando de limites críticos de aumento da temperatura global, começando a enfrentar as graves consequências desse aquecimento.
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