Entre 83 e 92 milhões de anos atrás, uma floresta densa e pantanosa floresceu, repleta de insetos zumbindo entre flores, samambaias e coníferas. O mais surpreendente é o local onde esse vibrante ecossistema se desenvolveu: a Antártica Ocidental.
A descoberta foi feita por cientistas do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha, na Alemanha. Eles analisaram âmbar, uma resina fóssil, contendo vestígios de antigas árvores coníferas que habitavam o continente mais ao sul da Terra há milhões de anos.
De acordo com os pesquisadores, a floresta pré-histórica era dominada por coníferas, lembrando as paisagens das florestas atuais da Nova Zelândia e da Patagônia. O material, encontrado pela primeira vez na Antártica Ocidental, oferece uma visão fascinante de como era esse ecossistema perdido.
A pesquisa também revela que a Antártida já foi quente e úmida o suficiente para sustentar árvores produtoras de resina. Durante o Cretáceo, um dos períodos mais quentes da história da Terra, o continente abrigava condições propícias para o desenvolvimento de uma floresta rica e diversificada. Depósitos vulcânicos encontrados na Antártida e em ilhas próximas também indicam que incêndios florestais eram frequentes nessa época, refletindo um ambiente dinâmico e cheio de vida.
Os cientistas acreditam que o âmbar foi preservado e fossilizado graças aos altos níveis de água que rapidamente cobriram a resina das árvores, protegendo-a da radiação ultravioleta e da oxidação. Essas descobertas foram detalhadas em um estudo publicado na revista Antarctic Research.
Muitas questões ainda permanecem sem resposta. Até o momento, os cientistas haviam encontrado depósitos de âmbar do Cretáceo apenas no sul da Bacia de Otway, na Austrália, e na Formação Tupuangi, na Nova Zelândia. A descoberta na Antártida sugere que, em algum ponto da história, todos os continentes possuíram condições climáticas favoráveis à sobrevivência de árvores produtoras de resina.
O objetivo da equipe agora é entender mais sobre o ecossistema do passado. Uma das hipóteses é que a floresta tenha sido destruída por incêndios, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar essa teoria. Além disso, os cientistas buscam descobrir o que ocorreu com a floresta à medida que a Antártida se afastava da Austrália e da América do Sul em direção ao polo sul.
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