Citei o lindo e significativo poema de Gibran Khalil intitulado “Vossos filhos não são vossos filhos…” há duas semanas, neste mesmo espaço do “Engenharia em Pauta”, pois ele sempre me impressionou e me orientou quanto à educação de meus filhos e trabalhos como docente. E daí eu estar empregando-o como base geral nestes comentários sobre a juventude e de como podemos auxiliá-la nessa difícil fase de suas vidas e mesmo da sociedade, esta em rápida mutação.
Um dos trechos basilares do poema, segundo minha opinião, vou transcrever abaixo, pelo forte apelo a algo muito difícil para nós, pais…
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós.
Complicado, não? Preocupa um pouco, não é? Mas é uma grande realidade, que vivi muitas vezes como pai, e principalmente como mestre e diretor de uma renomada instituição de ensino… E foi pela vivência do grande ensinamento citado no poema que pude ajudar muitos jovens, até criando problemas (para mim…) com algumas famílias…
Muita coisa a comentar em pouco espaço: mas vamos lá – vou começar pela última frase do poema: podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós. Este é um problema que percebi ser muito comum: seguir a carreira dos pais, apenas por obrigação manifestada por eles, ou mesmo por indução carinhosa… No entanto, cada um de nós tem vocações específicas, e sonhos bem definidos, mesmo que de forma embrionária. O que temos que fazer é procurar descobrir estes sonhos, e acompanhá-los para que eles obtenham maior conhecimento dos mesmos… Por que não acompanhar nossos filhos, e conversar com eles sobre tudo isso, mas nunca de forma depreciativa? Por que não levá-los onde seus desejos de carreira acontecem, e aí deixarem com que sintam o entorno do ambiente no qual pretendem viver e trabalhar? Bem, aí as coisas podem mudar, e aí temos que começar tudo de novo… Um exemplo pessoal: minha filha pensou em psicologia, ciências agrárias e comunicação, e acabou cursando advocacia, e está feliz e realizada com sua decisão… O que fizemos: fomos juntos a cada uma das instituições em que eram ensinadas e praticadas tais carreiras, e deixei com que ela conversasse com as pessoas conhecedoras, livremente…
E mesmo não adianta forçar a respeito… As pessoas querem empreender suas próprias vidas – Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. E o que seria empreender, no caso? Segundo o mestre Fernando Dolabela, o “empreendedor é aquele que sonha e transforma seu sonho em realidade”… E quantas vezes pude constatar a contundente verdade contida nesta definição? Quantas histórias poderia dar como exemplo? Então, como pais e educadores, temos, no que nos for possível, ajudar nossos filhos e educandos a localizar, clarificar e entender seus sonhos, ajudando-os, dentro de nossas possibilidades, às vezes poucas e limitadas, amparando-os no caminho rumo às suas mansões do amanhã, que não podemos nem imaginar?
Muita coisa a pensar, não é? Difícil.. Mas apenas temos que amá-los e entender que, na verdade, embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos. Porque eles têm seus próprios pensamentos…
Então, até semana que vem…
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