A direção unidirecional do tempo, caracterizada pelo seu fluxo temporal do passado para o futuro, tem sido um tema intrigante para os cientistas ao longo dos séculos.
Embora não observemos eventos retrocedendo no tempo, como a restauração de um copo quebrado, as equações que descrevem os movimentos se aplicam igualmente, independentemente da direção temporal.
Um exemplo disso é um vídeo mostrando o movimento livre de um pêndulo, que parece o mesmo quando reproduzido ao contrário. A irreversibilidade que percebemos no dia a dia só se manifesta devido a outra lei natural, a segunda lei da termodinâmica, que estabelece que a desordem em um sistema aumenta continuamente – se o copo quebrado pudesse se recompor, a desordem diminuiria.
Entretanto, essa narrativa parece ter nuances adicionais. Durante a observação do processo de degradação ou envelhecimento de materiais, conduzida por Till Bohmer e sua equipe da Universidade de Darmstadt, Alemanha, uma descoberta surpreendente veio à tona.
[Imagem: Till Böhmer]
[Imagem: Chiara Marletto]
Fluxo temporal
Pela primeira vez, físicos conseguiram medir o “tempo material” ao desafiar a escala curta do “tempo humano” usando métodos matemáticos e uma câmera ultrassensível. Ao direcionar um laser para uma amostra de vidro, as moléculas dispersam a luz, e métodos estatísticos especiais são empregados para calcular as variações temporais das flutuações moleculares, permitindo medir o ritmo do relógio interno do material.
O experimento foi bem-sucedido, revelando uma descoberta surpreendente na análise estatística das flutuações moleculares: em termos de tempo material, as flutuações moleculares são reversíveis, semelhante ao comportamento de um pêndulo que parece idêntico quando reproduzido para frente e para trás, embora isso não implique a reversão do envelhecimento dos materiais.
A afirmação de Till Bohmer destaca que o conceito de tempo material foi escolhido adequadamente, pois expressa a irreversibilidade do envelhecimento do material, com seu “tique-taque” incorporando a passagem do tempo. Outros movimentos no material nesta escala de tempo não contribuem para o envelhecimento, análogo às crianças no banco traseiro de um carro.
Isso levanta questões não respondidas sobre a relação entre a reversibilidade observada em termos de tempo material e as leis físicas, bem como as variações no “tique-taque” do relógio interno entre diferentes materiais. Os resultados se aplicam tanto a vidro quanto a plástico, e a equipe planeja explorar a medição do tempo material em cristais perfeitamente ordenados em busca de mais insights.
De acordo com Nature.
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