Faíscas elétricas, seja a força de um relâmpago ou um curto-circuito em uma rede de alta tensão, sempre foram caóticas e imprevisíveis. Elas se ramificam aleatoriamente, nunca seguindo um trajeto linear entre sua origem e destino. Mas e se fosse possível direcioná-las com precisão pelo espaço? Isso abriria um leque de novas aplicações, desde soldagem e eliminação de germes até a ignição de motores a combustão e a criação de estímulos táteis em interfaces robóticas e próteses.
Agora, graças ao trabalho inovador de Josu Irisarri e sua equipe das universidades de Navarra, na Espanha, e Helsinque, na Finlândia, esse conceito se tornou realidade. O grupo desenvolveu uma maneira revolucionária de transportar eletricidade pelo ar com precisão excepcional. A tecnologia permite que as faíscas elétricas sigam trajetórias definidas, criando o equivalente a “fios elétricos invisíveis”, onde a fagulha visível percorre um caminho traçado no ar sem a necessidade de fios físicos.
Como Controlar a Propagação das Faíscas Elétricas
A inovação que possibilita esse nível de controle impressionante está no uso de ondas ultrassônicas. Essas ondas manipulam o ar aquecido pelas faíscas, reduzindo sua densidade e criando trajetórias previsíveis. Como o ar quente tende a fluir para regiões de maior intensidade sonora, as faíscas elétricas naturalmente seguem esse caminho de menor resistência, permitindo seu direcionamento com alta precisão.
Esse avanço promete revolucionar diversos setores. O professor Ari Salmi destaca que o controle preciso das faíscas pode ter aplicações em ciências atmosféricas, procedimentos biológicos e alimentação seletiva de circuitos eletrônicos. Além disso, é possível direcionar as descargas elétricas em torno de obstáculos e atingir alvos específicos, mesmo em materiais não condutores.

[Imagem: Josu Irisarri et al.]
Tecnologia Segura e Acessível
Até então, guiar faíscas elétricas exigia o uso de eletrolasers, que dependem de lasers de alta potência e de um sincronismo preciso entre o feixe de luz e a descarga elétrica, tornando a tecnologia cara e limitada em sua aplicação. A nova abordagem baseada em ultrassom elimina essa barreira, sendo segura para os olhos e a pele, além de ser mais compacta e de baixo custo.
O equipamento utilizado é semelhante ao das tecnologias de levitação acústica, podendo operar continuamente e de forma eficiente. Com isso, novas possibilidades surgem, como o desenvolvimento de interfaces táteis sem contato. “Estou entusiasmado com a ideia de usar faíscas fracas para criar estímulos táteis controlados, talvez até um sistema Braille sem contato”, afirma Irisarri.
Com essa inovação, o sonho de Nikola Tesla de transmitir eletricidade pelo ar se aproxima cada vez mais da realidade, abrindo caminho para um futuro onde a condução elétrica não dependerá mais de fios físicos.
Achou útil essa informação? Compartilhe com seus amigos!
Deixe-nos a sua opinião aqui nos comentários.