Os compactos veículos híbridos e elétricos da fabricante chinesa BYD tornaram-se uma presença comum nas ruas das principais capitais do país. Com uma fábrica em processo de instalação na Bahia e a meta de comercializar carros elétricos por menos de 100 mil reais no futuro, a empresa está empenhada em consolidar sua posição no mercado de mobilidade sustentável no Brasil.
A nível global, a BYD encerrou o último trimestre do ano passado superando a Tesla em 42 mil unidades no volume de veículos entregues a clientes e concessionárias, totalizando 526.409 carros colocados no mercado pela empresa chinesa. Na própria China, a BYD já ultrapassou a Volkswagen em termos de vendas.
Wang Chuanfu, o bilionário por trás do empreendimento, tem uma trajetória de vida peculiar. Nascido em 1966 na província de Anhui, na parte leste da China, uma das regiões mais pobres do país, sua fortuna atual é estimada em US$ 13,9 bilhões (R$ 69 bilhões) pela revista Forbes.
Nascido de pais fazendeiros de arroz, Chuanfu foi criado por seus irmãos mais velhos após a morte precoce de seus pais. Anos mais tarde, ele recebeu uma bolsa para estudar na Central South University, localizada na província de Hunan, região central da China, onde se formou em química e posteriormente se especializou no desenvolvimento de baterias.
Ao fundar a BYD com seu primo em 1995, inicialmente como uma fabricante de baterias para celulares, Chuanfu, então com 29 anos, já estava longe da vila rural de sua infância. Com experiência em pesquisa governamental, ele residia em Shenzhen, uma ex-vila de pescadores que se tornara uma das primeiras Zonas Econômicas Especiais na década de 1970, transformando-se em um importante polo tecnológico chinês.
Segundo a Fortune, Wang mobilizou parentes e conhecidos para levantar US$ 300 mil, montante utilizado para alugar um espaço de 2 mil metros na cidade e iniciar a produção das baterias recarregáveis, que seriam o principal produto da sua empresa. Esta iniciativa visava substituir as soluções importadas das japonesas Sony e Sanyo por baterias mais acessíveis. Sua estratégia incluía a contratação de funcionários temporários para reduzir custos. Seus esforços renderam clientes importantes, como Motorola, Nokia e Samsung.
Em 2003, após entrar para a lista dos mais ricos da Forbes chinesa, Wang Chuanfu deu início aos seus empreendimentos no setor de carros elétricos e híbridos ao adquirir uma empresa automotiva estatal em Xi’an, mesmo tendo pouco conhecimento prévio sobre o assunto. Em poucos anos, sua entrada nesse ramo atraiu atenção internacional: em 2008, através da gestora Berkshire Hathaway, o investidor estadunidense Warren Buffett adquiriu quase 10% da BYD com um investimento de 230 milhões de dólares.
Em uma entrevista à Fortune, o investidor Charlie Munger, parceiro de negócios de Buffett e um incentivador da negociação, comparou Chuanfu ao inventor Thomas Edison em sua habilidade para “resolver problemas técnicos”.
A crescente atenção internacional levou a BYD a receber um influxo de novos investidores. No entanto, além desses investidores, parte do sucesso da empresa também é atribuída aos incentivos governamentais. Relatórios anuais da BYD, conforme investigado pelo New York Times, revelam que a empresa recebeu subsídios totais de US$ 2,6 bilhões entre 2008 e 2022.
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