Em uma aula em que estávamos, eu e os alunos, trabalhando com a criação de inovações, um aluno me fez uma pergunta muito pertinente, mais ou menos desta forma: “tudo bem, professor, mas uma vez criada a inovação, como fazer para convencer os outros de que ela é boa e útil?” Realmente uma grande pergunta, e que retrata uma realidade…
Na resposta, amplamente debatida com a turma, coloquei duas situações: na primeira, tratamos da inovação de produtos. Esta é relativamente fácil, pois já deveria ter sido testada por várias ferramentas, muitas das quais já tratamos neste espaço… A outra trata da inovação de métodos de trabalho, alterações de rotinas, alocação de novas funções, novas atitudes face à empresa, novas atividades, nova linha de produtos /serviços, ou algo similar…
Na situação acima citada, a complicação pode ser maior, e é o que se espera do comportamento humano, em princípio geralmente avesso à novas situações… Isto foi genialmente citado por Platão, filósofo e matemático grego (428/427 a.C. – 348/347 a.C.), que foi um dos maiores pensadores da antiguidade, e que tratou desse assunto no seu famoso “Mito da Caverna”. Como este mito fornece uma boa base para a resposta ao aluno, vamos recordá-lo brevemente. Aliás, ele é ilustrado pela figura que encabeça esta matéria…
Em resumo, o “Mito da Caverna” nos fala de prisioneiros que desde o nascimento estão presos dentro de uma caverna. O problema é que eles só podem olhar para uma parede iluminada por uma fogueira, acesa atrás deles… Entre esta fogueira e os prisioneiros são manipuladas várias figuras que são projetadas na parede. Sendo essa a única visão de mundo que eles têm, passam a ser bem conhecidas e mesmo “curtidas” por eles. No entanto, um dos prisioneiros liberta-se e começa a pesquisar a caverna; ele descobre a fogueira e os “truques” que ela provoca. E mais: ele descobre a saída da caverna, e maravilha-se com o mundo exterior e suas grandes possibilidades… Pensando nos seus companheiros, ele volta à caverna e comunica as suas descobertas; no entanto, eles não aceitam as novidades, acostumados que estão com o “mundinho” que lhes é oferecido pela fogueira e pelas imagens. Então, voltam-se contra o que saiu, expulsam-no da caverna, inclusive ameaçando matá-lo…
Tão antigo o conceito que este mito nos retrata, e, no entanto, tão atual! Quantas “imagens” nos são projetadas por nossos costumes e modos de vida, pelo marketing, e por tantos outros fatores, não é? E como às vezes rejeitamos ideias novas e inovadoras, sem sequer examiná-las… E como muitas vezes até excluímos, de algum modo, os responsáveis por elas! De fato, é bem mais fácil viver com as imagens projetadas em nossas paredes! E este é o problema básico da comunicação da inovação, e dá boa base para uma resposta efetiva ao meu aluno…
Daí, no primeiro momento, quando se apresenta alguma inovação que vá de certo modo contra as “imagens”, é natural que a primeira resposta dos envolvidos é a rejeição sumária da mesma, e mesmo desqualificação do proponente… Igualzinho ao nosso amigo que se libertou e saiu da caverna, não? Este é um momento delicado, e que não deve levar à desistência na implantação da inovação. Como solucionar essa situação? É preciso paciência, persistência, empatia e denodo da parte do proponente. Na realidade, é um momento “político”, sendo esta palavra usada no seu real sentido… Explicar, explicar, e explicar as melhorias a que inovação se propõe; se possível, já ir criando um clima favorável antes da apresentação da inovação; conseguir alguns adeptos; ajudar as pessoas a entenderem os benefícios; e, se houver algum problema real que venha a aparecer durante a implantação, corrigi-lo rapidamente, com o auxílio da equipe…
E o que acha de continuarmos esta conversa na semana que vem? Até lá, então…
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