Astrônomos internacionais acreditam ter feito uma descoberta pioneira usando dados do radiotelescópio ALMA, no Chile. Eles detectaram uma nuvem de detritos na órbita de um exoplaneta já conhecido, indicando a possível presença de outro planeta compartilhando a mesma órbita. Caso confirmada, essa descoberta será o primeiro registro de dois planetas co-orbitais, também conhecidos como planetas troianos.
Em nosso próprio Sistema Solar, corpos rochosos conhecidos como troianos são comuns, com os asteroides troianos de Júpiter sendo o exemplo mais notório – mais de 12.000 corpos que compartilham a mesma órbita que o gigante gasoso. Essa ocorrência levantou a hipótese de que planetas troianos também poderiam existir, mas até o momento, não haviam sido detectados. Os chamados exotroianos, planetas troianos fora do nosso Sistema Solar, têm sido comparados a unicórnios, uma vez que embora teoricamente possíveis, nunca haviam sido observados.
A designação “troianos” para esses corpos celestes tem origem na descoberta dos asteroides na órbita de Júpiter, sendo batizados em homenagem aos heróis da guerra de Troia. Essa recente descoberta traz novas perspectivas para nossa compreensão da formação e dinâmica dos sistemas planetários em todo o Universo.
O radiotelescópio ALMA captou indícios de exoplanetas troianos no sistema PDS 70. Essa estrela jovem já era conhecida por abrigar dois planetas gigantes semelhantes a Júpiter, o PDS 70b e o PDS 70c.
Ao analisar novamente observações retiradas do arquivo científico do telescópio, Olga Balsalobre-Ruza, estudante do Centro de Astrobiologia de Madrid, identificou uma nuvem de detritos na órbita do PDS 70b, porém deslocada do planeta, onde se esperaria encontrar um possível planeta troiano.
Os troianos ocupam regiões específicas, conhecidas como zonas lagrangeanas, na órbita de um planeta, onde a atração gravitacional combinada da estrela e do planeta pode reter material. Ao estudar essas regiões na órbita do PDS 70b, os astrônomos detectaram um sinal correspondente a uma nuvem de detritos com uma massa de aproximadamente duas vezes a da nossa Lua.
Essa descoberta é notável, pois sugere a existência de dois planetas que compartilham a mesma órbita e condições de habitabilidade. O fato de dois planetas ou mais poderem compartilhar a mesma órbita é extraordinário, e este estudo apresenta a primeira evidência de que esses mundos co-orbitais podem existir.
Para confirmar essa detecção sem qualquer dúvida, a equipe de astrônomos terá que aguardar até 2027, quando terá a oportunidade de utilizar novamente o radiotelescópio ALMA e investigar se tanto o PDS 70b quanto sua nuvem de detritos irmã se movem juntos de maneira significativa ao longo da órbita em torno da estrela. Essa futura observação será crucial para a compreensão e confirmação dessa intrigante descoberta.
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