Empresas de geração de energia e de petróleo e gás aumentaram sua presença no mercado de energia eólica do Brasil em 2022, com investimentos bilionários anunciados no último ano. As usinas eólicas são a terceira maior fonte de energia elétrica no Brasil, produzindo cerca de 12,5% da energia elétrica do país diariamente, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica e o Operador Nacional do Sistema Elétrico.
Os parques eólicos do Brasil são capazes de produzir 24,1 GW, o suficiente para atender às necessidades de todas as residências do Norte e Sudeste do país, mas há potencial para ainda mais, segundo Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica.
O potencial de crescimento da energia eólica no Brasil é infinito, com uma capacidade instalada crescente de cerca de 3 GW por ano, de acordo com Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica. No entanto, existem questões regulatórias que precisam ser abordadas para aumentar ainda mais o crescimento. A produção de energia eólica é vista como uma forma de migrar para uma fonte de energia mais limpa.
Uma das principais demandas dos setores de energia eólica e offshore é a regulamentação das usinas eólicas instaladas no mar. Um decreto publicado em 2022 permitiu a instalação dessas usinas, mas ainda faltam detalhes sobre como serão concedidos os direitos de uso da costa brasileira. O potencial de geração de energia eólica offshore no Brasil é superior a 700 GW, de acordo com estudo da Empresa de Pesquisas Energéticas.
A Associação Brasileira de Energia Eólica espera que os primeiros leilões de projetos offshore ocorram em 2023, mas a regulamentação final da atividade deve ocorrer apenas em 2024, de acordo com o cronograma da Agência Nacional de Energia Elétrica. Até o início de dezembro de 2022, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis registrou 176,6 GW em pedidos de licença para geração de energia eólica offshore. Dos 70 projetos previstos, 22 estão localizados no Rio Grande do Sul.
A consultoria WoodMac estima que cerca de US$ 1 trilhão sejam investidos na indústria de energia eólica offshore em todo o mundo até 2031. Como resultado, muitas empresas, especialmente as de petróleo e gás, estão intensificando sua entrada na produção eólica.
Em outubro, a empresa francesa TotalEnergies anunciou um investimento de R$ 4,2 bilhões para adquirir 34% da Casa dos Ventos, formando uma joint venture no setor de energia eólica. No mês seguinte, a Total assinou um acordo com a Prumo para a instalação de um parque eólico offshore no porto do Açu, com a expectativa de diminuir os custos de implantação.
Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, afirma que a expertise das empresas de petróleo e gás em projetos offshore será importante para a consolidação da atividade eólica no Brasil. Além da Total, a Shell, a Equinor e a EDF também estão considerando projetos no porto. A Abeeólica também assinou um acordo com o Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás para promover a troca de conhecimento entre as empresas associadas. Além disso, empresas também estão investindo em parques eólicos em terra firme, como o investimento de R$ 2,5 bilhões da Enel Green Power para expandir seu parque na Bahia.
A Neoenergia destinou R$ 1,2 bilhão em investimentos em energias renováveis no primeiro semestre, incluindo projetos eólicos. A Aeris, que produz as pás para os geradores eólicos, também é uma empresa importante no setor.
Hidrogênio Verde
A produção de hidrogênio verde, considerada uma poderosa fonte de energia, pode ser uma oportunidade para o setor eólico. O processo de produção de hidrogênio verde exige o uso de uma fonte de energia limpa, como a eólica, para decompor a água e obter hidrogênio.
No entanto, há discussões sobre se todas as etapas do processo de produção de hidrogênio verde são sustentáveis. A Associação Brasileira de Energia Eólica defende que o setor tem capacidade técnica para avançar na produção de hidrogênio verde, mas reconhece que ainda há desafios para tornar o modelo viável em escala.
A Agência Nacional de Energia Elétrica deixou a regulamentação da produção de hidrogênio verde fora de seu cronograma até 2024, mas planeja iniciar discussões técnicas sobre o tema em 2023.
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