O dispositivo, chamado SMART (Small Aspect Ratio Tokamak), apresenta um design esférico diferenciado que oferece maior flexibilidade no controle do plasma.
O objetivo principal do SMART é demonstrar os benefícios dos plasmas com triangularidade negativa, uma configuração que pode tornar as futuras usinas de fusão nuclear mais compactas e eficientes.
A importância da triangularidade negativa
Nos tokamaks convencionais, o plasma assume um formato semelhante à letra “D”, onde a borda reta fica voltada para o centro do reator – uma configuração conhecida como triangularidade positiva. Já na triangularidade negativa, a parte curva da letra “D” aponta para o centro, criando um comportamento distinto do plasma.
Estudos teóricos sugerem que plasmas com triangularidade negativa são mais estáveis e reduzem a perda de partículas e energia, evitando danos às paredes internas do reator. Além disso, essa configuração facilita a dissipação de calor e simplifica o design estrutural das futuras usinas de fusão, tornando-as mais compactas e viáveis.
Embora essas vantagens fossem conhecidas apenas na teoria, o SMART é o primeiro tokamak esférico compacto projetado para operar em temperaturas de fusão usando essa configuração, tornando sua primeira geração de plasma um passo essencial para validar essa abordagem.
O diferencial do design esférico
Outro fator inovador do SMART é seu formato esférico, que melhora o confinamento do plasma. Um dos maiores desafios da fusão nuclear é evitar que o plasma toque as paredes do reator, pois isso pode comprometer sua integridade e o funcionamento do sistema. Para isso, são necessários campos magnéticos extremamente poderosos.
A geometria esférica do SMART foi projetada para otimizar esse confinamento, permitindo um controle mais eficiente e reduzindo a necessidade de campos magnéticos excessivamente intensos. Essa inovação pode viabilizar reatores menores e mais acessíveis, aproximando a fusão nuclear de aplicações comerciais.

[Imagem: D.J. Cruz-Zabala]
Um avanço promissor para a fusão nuclear
Com a geração do primeiro plasma, os pesquisadores entram agora na fase operacional do SMART, onde poderão explorar suas capacidades e validar seus benefícios em colaboração com a comunidade científica global.
“Ver o primeiro plasma confinado magneticamente foi um momento empolgante. Agora, estamos prontos para avançar e explorar todo o potencial do SMART com pesquisadores do mundo todo, que demonstram grande interesse na iniciativa”, afirmou a professora Eleonora Viezzer.
O pesquisador Manuel García Muñoz reforçou a importância desse marco: “Esse é um avanço crucial. O SMART tem potencial para transformar o desempenho da fusão nuclear e a gestão de energia nos futuros reatores compactos. Estamos entrando em uma fase muito empolgante da pesquisa!”.
Com esses avanços, a fusão nuclear—promissora como fonte de energia limpa e praticamente inesgotável—dá mais um passo em direção à viabilidade real.
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