Durante 70 anos, os livros didáticos sustentaram a ideia de que a vida na Terra surgiu devido ao aumento dos níveis de oxigênio atmosférico, que teria impulsionado o florescimento dos primeiros organismos multicelulares. Contudo, uma equipe internacional de pesquisadores questiona essa explicação, já que a explosão de vida conhecida como “explosão de Avalon”, ocorrida entre 685 e 800 milhões de anos atrás, parece não ter sido ocasionada pelo aumento do oxigênio. Essa era marcou a substituição de pequenas amebas unicelulares, algas e bactérias por esponjas marinhas e outros organismos multicelulares bizarros em todos os oceanos da Terra.
Através do estudo de amostras de rochas antigas de uma cordilheira de Omã, pesquisadores descobriram que as concentrações de oxigênio na atmosfera da Terra não aumentaram durante a explosão de Avalon, período em que organismos multicelulares surgiram. Pelo contrário, os níveis de oxigênio permaneceram 5 a 10 vezes mais baixos do que os atuais, contradizendo a expectativa de um aumento. Essas descobertas foram corroboradas por medições em outras áreas do mundo, como as montanhas Mackenzie no Canadá e a região dos desfiladeiros das Três Gargantas, no sul da China.
A explosão de vida na era de Avalon pode ter sido desencadeada pela escassez de oxigênio, e não pelo aumento dos níveis atmosféricos e oceânicos desse elemento. A baixa concentração de oxigênio pode ter sido benéfica para o desenvolvimento dos organismos multicelulares, permitindo que eles se desenvolvessem de forma controlada, graças à proteção natural proporcionada pela química da água em suas células-tronco. Estudos na biologia do câncer já mostraram que baixos níveis de oxigênio são cruciais para manter as células-tronco sob controle, permitindo um desenvolvimento lento e sustentável, enquanto altos níveis de oxigênio podem levar a diferenciação celular descontrolada e até mutações prejudiciais. Assim, é plausível que esse mecanismo também tenha atuado durante a explosão de vida em Avalon, contribuindo para o florescimento dos primeiros organismos multicelulares na Terra.
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