Foi concluído o primeiro registo de atividade elétrica em células humanas a um nível incrivelmente detalhado, os cientistas afirmam que cada uma das nossas células cerebrais poderiam funcionar como um minicomputador, escrevem os cientistas no novo estudo científico, publicado no dia 18 de outubro na Cell.
Humanos e ratos de laboratório são diferentes, começando pelos neurônios. As células cerebrais comunicam-se disparando impulsos elétricos, que os pesquisadores conseguem detectar e medir colocando elétrodos microscópicos dentro dos neurônios.
Apesar de os cientistas já terem tido oportunidade de realizar essa experiência em cobaias, Mark Harnett, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, tinha a ambição ir mais longe: observar de que forma os neurônios humanos se poderiam destacar dos dos ratinhos.
Assim, o cientista utilizou tecido vivo obtido através de cirurgias nas quais os especialistas removiam pedaços de cérebro de pessoas com epilepsia. A equipe de Harnett usou então elétrodos muito finos para registar a atividade dentro dos ramos mais finos, conhecidos como dendrites, no final do tronco cerebral.
Cada neurônio pode ter até 50 dendrites e cada dendrite tem centenas de sinapses ou pontos de conexão com outros neurônios. Os sinais cerebrais passam por essas sinapses entrando na dendrite, tornando assim provável que a própria dendrite lance um sinal elétrico ao longo do seu comprimento.
Em comparação com as cobaias, as dendrites de neurônios humanos apresentam menos canais de iões, moléculas inseridas na membrana externa da célula que deixam a eletricidade fluir ao longo da dendrite.
À primeira vista, esta informação pode parecer sem vantagem, mas na verdade esta característica denota aos humanos maiores e melhores “poderes de computação” para cada célula do cérebro.
Na prática, num neurônio de uma cobaia, se um sinal iniciar numa dendrite, existem imensos canais iônicos para conduzir a eletricidade, o que irá fazer com que o sinal, provavelmente, continue no tronco principal do neurônio. Por sua vez, num neurônio humano, é menos certo que o sinal rume até tronco principal: tudo dependerá da atividade nas outras dendrites.
Esta dinâmica, explica ao New Scientist, permite que as milhares de sinapses das dendrites de cada neurônio determinem coletivamente a “decisão” final. “Em conjunto, procuram padrões específicos de entrada para se unirem e, finalmente, produzirem um sinal”, explica Harnett.
Por fim, podemos imaginar o nosso cérebro como sendo o repositório de 100 bilhões de computadores trabalhando em conjunto.
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