Abaixo do Estreito de Gibraltar reside uma zona de subducção anteriormente considerada inativa. No entanto, uma nova pesquisa revelou sua atividade, avançando para o oeste em direção ao Oceano Atlântico, potencialmente formando um novo “Anel de Fogo” que gradualmente fecharia o oceano. Mas como essa formação ocorrerá?
Conhecida também como arco ou trincheira de Gibraltar, a zona de subducção está situada entre Portugal e Marrocos. Seu movimento para o oeste teve início há aproximadamente 30 milhões de anos, quando uma zona de subducção se desenvolveu ao longo da costa norte do que hoje é o Mar Mediterrâneo. Contudo, há cerca de 5 milhões de anos, o arco de Gibraltar estagnou, levantando questionamentos sobre sua atividade atual.
Recentemente, um estudo publicado na revista Geology indicou que o arco está atualmente em um período de tranquilidade, que deverá perdurar por aproximadamente mais 20 milhões de anos. Após esse período, a trincheira de Gibraltar provavelmente retomará seu avanço, podendo invadir o Atlântico em um processo denominado “invasão de subducção”.
O Oceano Atlântico já é lar de outras zonas de subducção, como a zona das Pequenas Antilhas no Caribe e o arco da Escócia perto da Antártida. Ambas invadiram o oceano há milhares de anos, mas os detalhes precisos do processo ainda são desconhecidos. Com a investigação da trincheira de Gibraltar, os pesquisadores têm a oportunidade de observar as etapas iniciais dessas formações, fornecendo insights valiosos sobre como ocorrem esses eventos geológicos complexos.
A zona de subducção foi confirmada como ativa. Para avaliar o status de atividade do Arco de Gibraltar, os pesquisadores desenvolveram um modelo computacional capaz de simular a evolução da zona de subducção desde sua formação no Oligoceno, entre 34 e 23 milhões de anos atrás, até os dias atuais. Com base nessas simulações, a equipe projetou o comportamento da zona de subducção para os próximos 40 milhões de anos.
Os resultados revelaram que, embora o arco tenha experimentado uma queda brusca na velocidade de avanço em direção ao Atlântico há aproximadamente 5 milhões de anos, ele continuará a progredir lentamente através do Estreito de Gibraltar ao longo dos próximos 20 milhões de anos.
Surpreendentemente, após esse ponto, o recuo da trincheira acelera gradualmente e a zona de subducção se alarga e se estende em direção ao oceano.
Conforme mencionado no artigo, caso o arco de Gibraltar alcance o Oceano Atlântico e se junte a outras zonas de subducção, pode-se formar um sistema de subducção semelhante ao Anel de Fogo que circunda o Oceano Pacífico. Essa configuração teria o potencial de reciclar a crosta oceânica do Atlântico em ambos os lados do oceano, enquanto gradualmente o fecha e o engole.
No estudo, também foi observado que a interrupção do avanço da zona de subducção nos últimos 5 milhões de anos pode ter sido responsável pela diminuição da atividade sísmica e vulcânica na região de Gibraltar.
Se o movimento ao longo da interface de subducção fosse mínimo, a acumulação de tensão sísmica seria gradual e poderia levar centenas de anos para se acumular. Essa observação está em consonância com o longo período de recorrência estimado para grandes terremotos na região.
Com informações de Olhar Digital.
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