O estudo, publicado na revista Frontiers in Molecular Biosciences, focou na integração de duas ciências ômicas: a genômica, que revela o que um microrganismo é capaz de produzir geneticamente, e a metabolômica, que identifica os metabólitos realmente presentes na célula. Os cientistas combinaram essas duas abordagens para analisar a bactéria, e o resultado foi a descoberta de um novo grupo de genes biossintéticos (BGCs) que poderia estar relacionado à produção de Brevianamida F, uma substância conhecida por sua atividade antibiótica.
A pesquisa foi possível graças ao uso de ferramentas computacionais avançadas, incluindo a ChemWalker, desenvolvida pelo próprio Tiago Cabral Borelli, doutorando e autor principal do estudo. A interação entre os dados genômicos e metabolômicos permitiu que os pesquisadores encontrassem novos insights sobre o comportamento bioquímico do microrganismo, o que não teria sido possível com métodos tradicionais.
Em vez de seguir o caminho convencional, que começa com a análise genômica e depois parte para o estudo dos metabólitos, os pesquisadores adotaram uma estratégia recíproca: iniciaram pelo metaboloma e buscaram as vias metabólicas para depois correlacioná-las com os dados genéticos. Este processo inovador levou à identificação de uma cepa de Micromonospora com uma possível nova capacidade biotecnológica, ampliando as fronteiras do conhecimento sobre microrganismos marinhos.
A colaboração entre pesquisadores brasileiros e internacionais, dos Estados Unidos e da Espanha, também foi crucial para o sucesso do projeto. Gabriel Santos Arini, coautor do artigo, destaca como a troca de conhecimento entre diferentes áreas foi fundamental para o avanço da pesquisa.
Este trabalho abre portas para novas investigações sobre microrganismos marinhos e seus potenciais usos em biotecnologia, especialmente no desenvolvimento de novos antibióticos. Segundo Ricardo Silva, coordenador do CCBL, este estudo estabelece uma base sólida para futuras pesquisas que aplicarão esta abordagem multiômica a outras cepas bacterianas e, possivelmente, a novas áreas da biologia evolutiva.
O sucesso dessa metodologia pode, portanto, representar um marco na descoberta de compostos bioativos e no entendimento da biodiversidade microbiana, com aplicações que vão desde a medicina até a indústria farmacêutica e ambiental.
Com informações de Agência Fapesp.
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