Stonehenge, um dos monumentos mais icônicos do mundo, construído entre 3000 a.C. e 1800 a.C., continua a ser objeto de fascínio e mistério. Localizado na planície de Salisbury, no sul da Inglaterra, o complexo é conhecido pelo seu alinhamento astronômico, que marca os solstícios. No entanto, novas descobertas revelam que o monumento pode ter desempenhado um papel político e cultural mais profundo do que se imaginava anteriormente.
Construção e Materialidade: Um Monumento Singular
Ao contrário dos mais de 900 círculos de pedras encontrados na Grã-Bretanha, Stonehenge se destaca pela precisão de sua construção e pela origem dos materiais utilizados. As pedras azuis, um arenito de granulação fina, foram transportadas de Preseli Hills, no País de Gales, a 225 quilômetros de distância. Já os sarsens, blocos maiores de rocha sedimentar, vieram de uma área florestal próxima à cidade de Marlborough, a apenas 25 quilômetros. A complexidade e a distância percorrida para transportar esses materiais indicam um planejamento meticuloso, com um significado ritualístico profundo.
Descobertas Recentes: A Unificação de Toda a Ilha
Um artigo publicado na revista Archaeology International sugere que o verdadeiro propósito de Stonehenge pode ter sido promover a unificação da Grã-Bretanha. Pesquisas recentes de agosto de 2024 identificaram que a enorme pedra do altar, de seis toneladas, foi trazida da Escócia. A partir dessa descoberta, os autores do estudo propõem que Stonehenge foi erguido como um monumento simbólico para reunir os povos de toda a ilha, celebrando suas conexões com seus ancestrais e o cosmos.
Uma Função Ritualística e Política
Stonehenge sempre foi considerado um centro de importância religiosa e astronômica para os povos neolíticos. Durante os solstícios, diversas comunidades se reuniam em um assentamento próximo, em Durrington Walls, para celebrações e rituais. Além disso, o local também servia como um cemitério para o sepultamento de pessoas de diferentes regiões.
O estudo mais recente, no entanto, acrescenta uma camada política à história de Stonehenge. De acordo com Michael Parker Pearson, professor da University College London e principal autor da pesquisa, o monumento pode ter sido utilizado como um símbolo de unificação política e cultural, funcionando como um ponto de convergência para diferentes grupos que compartilhavam uma identidade coletiva.
Mudanças Culturais e Genéticas: O Impacto do Povo Beaker
As mudanças sociais e culturais ao longo da pré-história britânica também são refletidas na construção e transformação de Stonehenge. Entre 4000 a.C. e 2500 a.C., a população britânica era composta principalmente por agricultores neolíticos que vieram do Oriente Médio. No entanto, por volta de 2500 a.C., a chegada do povo Beaker, originário da Europa continental, trouxe novas influências. Conhecidos por suas inovações tecnológicas, como a metalurgia, os Beaker substituíram os primeiros construtores de Stonehenge, mudando a composição genética da população britânica.
Conclusão: O Legado de Stonehenge
Embora originalmente projetado como um monumento unificador, Stonehenge acabou testemunhando a transformação social e cultural da Grã-Bretanha. O estudo destaca o paradoxo de um monumento construído para reunir os povos, mas que, eventualmente, foi substituído por um novo grupo cultural. O legado de Stonehenge, entretanto, permanece como um marco de complexidade, simbolizando tanto as aspirações unificadoras quanto as mudanças dinâmicas de uma ilha em transformação.
As novas descobertas sobre Stonehenge continuam a alimentar debates sobre a verdadeira função e o impacto desse monumento, convidando especialistas e o público a reconsiderar sua história e significado.
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