No “Engenharia em Pauta” da semana passada estávamos conversando sobre como avaliar ideias novas, situação que se apresenta a nós com relativa frequência, tanto no ambiente de trabalho quanto no familiar… E como é difícil fazer isso!
Quando me deparo com uma situação destas, procuro aplicar, em parte e dependendo das circunstâncias, o que tive oportunidade de presenciar em uma visita a uma conceituada universidade na Alemanha, quando lá fui convidado a participar da avaliação da aula de um professor, o que é corriqueiro naquela instituição… O processo funciona da seguinte forma: os avaliadores são o responsável pelo departamento ao qual está afeto o professor, outros professores, convidados, e um representante do setor produtivo local (que interessante e importante, não?). Após a aula, todos reúnem-se em uma sala, e o protocolo da reunião reza que primeiro sejam apontados todos os pontos positivos da aula; somente depois são mostrados os que apresentaram algum problema, na opinião dos participantes, mas sempre com uma ou mais sugestões de correção… Muito válido, não? Quantas possibilidades de melhoria no desempenho do docente avaliado!
O interessante neste processo, além de sua eficácia na melhoria do desempenho docente, é o protocolo. A avaliação sempre deve começar pelos pontos positivos! E está certo – mas é uma avaliação de um docente, é um desempenho profissional que está em jogo! O problema é que no nosso caso de exame de ideias novas (e mesmo no caso do docente…), temos naturalmente uma forte tendência de buscar nelas os pontos negativos! Na realidade, esta característica chega a ser quase genética: como li uma vez, aquele indivíduo, que no início dos tempos, foi “negativo” ao achar que uma fera estava escondida no mato ao ouvi-lo farfalhar, sobreviveu; ao passo que o que achou que era apenas o vento, tchau…
Portanto, quando formos apresentados a uma ideia nova de um produto ou algo semelhante (metodologia de trabalho, etc.), devemos nos “soltar” e começar a pensar no que ela tem de negativo, quais são suas características negativas ou problemáticas – é mais natural, mais fácil… Se pensarmos assim, poderemos oferecer boas opiniões e objeções valiosas à melhoria do produto, ou do formato e efetividade da sugestão. Mas se concordarmos de imediato com o que nos for apresentado, poderemos esbarrar mais tarde em problemas incontornáveis e prejudiciais… Bancar o “Advogado do Diabo” no exame de uma ideia, de modo desinteressado e profissional, pode melhorá-la em muito. Na realidade tudo que é novo é desconhecido, e vai apresentar barreiras de todos os tipos; então é muito salutar tentar descobri-las e trabalhar prontamente para contorná-las…
Depois desta avaliação negativa, que pode ter identificado problemas e barreiras a enfrentar, é hora de iniciarmos nossa avaliação dos pontos positivos, dos pontos fortes da ideia. O que eles podem acrescentar de novo? Com qual intensidade? São obtidos com relativa facilidade? Atendem a algo que parece ser necessário mudar (aqui, é preciso tomar cuidado com ideias conservadoras, também muito naturais em nós…), facilitam ou melhoram algo? Se nos colocarmos na posição de quem vai utilizá-la, ou ter sua rotina de trabalho ou vida modificada, aceitaríamos a ideia com relativa facilidade e veríamos nela algo de bom? Enfim, muito de criatividade, empatia, e mesmo intuição valem bastante nesta hora…
Pois é… A evolução de uma simples ideia nova para algo realmente de valor é obtida pela eliminação ou contorno de pontos negativos, e melhoria ou aperfeiçoamento de seus pontos positivos… Bom exercício, não? Mas fundamental…
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