Estava ajudando meu neto caçula em sua Teleaula, ainda em setembro de 2020, quando a professora sugeriu um tema bem interessante, o da Pegada Ecológica. Assunto, aliás, bem oportuno à época, por causa das grandes queimadas na Amazônia e no Pantanal, cuja fumaça chegou até à minha cidade, no sul de Minas Gerais. Esta “pegada” representa o resultado de uma metodologia bem interessante para verificar e mesmo medir a relação entre o nosso consumo, a exploração e a utilização dos recursos naturais, e a capacidade de nosso planeta em repô-los. Triste pegada, que estamos deixando para os que nos sucederão nesta nossa casa planetária…
No entanto, não é sobre esta pegada que quero conversar. É sobre outro tipo de pegada, tão importante para nós quanto a Ecológica: é a Pegada Digital… E o problema é que, como acontece com a pegada ecológica, talvez não estejamos nos importando tanto com ela como deveríamos… E como ela é criada? O nosso mundo está cada vez mais “digital”, não é? Todo dia, a cada hora, estamos utilizando meios digitais, tanto para uso profissional e consulta, quanto para usos comerciais e entretenimento. No entanto, para que isto seja possível, costumeiramente estamos fornecendo aos diversos aplicativos e plataformas nossos dados pessoais; no entanto, por trás da maioria destes recursos digitais que usamos, estão presentes e ativos muito sofisticados sistemas de IA (Inteligência Artificial), dispondo de algoritmos muito poderosos e eficazes que detectam nossos gostos, tendências, etc., mesmo sem nosso conhecimento. Todos estes dados é que formam nossa Pegada Digital. O problema é de tal monta que existe até legislação a respeito (Lei Geral de Proteção de Dados), mas…
E definitivamente tudo isto se incorporou à nossa vida; e, segundo Klaus Schwab, em “A quarta revolução industrial” [1], em 2025 teremos 80% das pessoas com presença digital na internet. Eu, sinceramente, acho que alcançaremos tal porcentagem de pessoas mais cedo, não é? Boa notícia ou problema? Depende de como todos estes usuários estarão fazendo com seus meios digitais, e de como a legislação evoluirá a respeito… Um exemplo, fornecido pela própria referência já citada: se os três sites, contando apenas os de mídia social mais populares que utilizamos, fossem países, sua “população” seria constituída de um bilhão de pessoas a mais do que a da China, ainda em 2017, ano da publicação do livro… Incrível, não?
No entanto, quanta coisa boa vem disto tudo – grande capacidade de comunicação entre nós, maior transparência, maior facilidade em nossos diversos tipos de transações, aumento de liberdade de expressão, maior difusão da cultura, novas possibilidades para a educação e trabalho, e assim por diante. No entanto, que pegada, não é?
Mas (e este “mas” é complicado…) em tudo fica a nossa “pegada digital”, ou seja, nossos dados, nossa localização, nossos gostos e preferências, etc. Por exemplo, só para iniciar o raciocínio sobre esta problemática, como fica nossa privacidade, pela qual tanto zelamos? E se nossos dados forem utilizados de modo oculto (e nem quero falar de métodos fraudulentos…), podemos ter nossas identidades roubadas… E também podemos estar sob uma espécie de “vigilância oculta”, o que, aliás, já está preocupando a muitos – será que ao procurarmos um emprego, por exemplo, nosso possível empregador já dispõe de dados que possam deixá-lo desanimado com a nossa contratação? E por aí vai…
Podemos continuar esta conversa na semana que vem? Até lá… É, sempre é bom pensar em nossa “pegada digital”, já que agora ela se incorporou definitivamente à nossa vida…
Referência:
[1] SCHWAB, KLAUS. A quarta evolução industrial. São Paulo: Edipro, 2017.159 p.
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