Longe de mim, neste espaço, querer detalhar todas as características que um “novo” tipo de curso de engenharia deveria apresentar – realmente, esse é um assunto bem complexo, que merece a colaboração de vários especialistas, representantes da academia, do setor produtivo, e mesmo da sociedade civil. A minha pretensão é apenas explorar a excelente definição de engenharia, que tomo a liberdade de reproduzir abaixo, para provocar reflexões… Assim, consideremos engenharia como:
“A arte de aplicar conhecimentos científicos e empíricos e certas habilitações específicas à criação de estruturas, dispositivos e processos que se utilizam para converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das necessidades humanas”. (1)
Já ousamos então, no “Engenharia em Pauta” anterior, fazer alguns comentários, a meu ver pertinentes, sobre a aquisição dos conhecimentos científicos, base da engenharia em geral, que devem ser estudados com profundidade, através inclusive de metodologias ativas, para que se possa de fato apreende-los, em sua utilização geral; sobre as habilitações específicas, que chamei de “jeitão de engenheiro”, que devem ser desenvolvidas por meio de cursos mais práticos e aplicados, desafios reais de engenharia, em cada campo da mesma, bem como a presença constante, no ensino, do setor produtivo – isso também desenvolveria os conhecimentos empíricos, ou experimentais, dos alunos; para o reconhecimento das necessidades humanas, um mergulho mais aprofundado e dirigido nas áreas ditas “humanas” adequadas a cada carreira dentro da engenharia, além do incentivo a manifestações culturais; finalmente, o empreendedorismo, no sentido de dar a oportunidade ao aluno de reconhecer e viver sua vocação, seus sonhos…
Pois é, com um programa bem organizado e executado, até a duração do curso poderia ser reduzido, com vantagens para todos os atores envolvidos. Mas, vamos ficar com nossos tradicionais cinco anos, como uma proposta. Vamos lá: os dois primeiros, dedicados à aprendizagem dos conhecimentos científicos gerais e fundamentais a qualquer campo da engenharia, entremeados de prática, em gradação conveniente, e com a utilização das metodologias ativas mais convenientes; no terceiro ano, reforço e aplicação dos conhecimentos anteriormente adquiridos, somados aos conhecimentos gerais que melhor se adaptem ao campo da engenharia que foi escolhido – isto em um semestre, pois o outro deveria ser vivenciado no setor produtivo, em estágio bem acompanhado e com resultados mensuráveis com clareza e precisão. No quarto ano, aprofundamento nos detalhamento dos conhecimentos científicos e tecnológicos do ramo da engenharia que foi escolhido. No quinto ano, no primeiro semestre, estudo do estado da arte na carreira escolhida, já que a tecnologia muda com rapidez, alterando-se, no aspecto citado, a intervalos de tempo cada vez menores; no segundo semestre, outro estágio, no setor produtivo, bem aprofundado, com viés de trabalho profissional efetivo, e que geraria o trabalho de conclusão de curso, resultado da atuação do “quase engenheiro” em um problema real.
Creio que estas considerações podem ser vistas apenas como uma boa base para a discussão de um curso de engenharia moderno, versátil, adaptável a cada fase da tecnologia, a qualquer ponto da evolução da mesma. O que se pretende é formar o candidato a engenheiro para que, ao final de seu curso, seja um engenheiro fortemente versado nas ferramentas básicas de sua profissão, que “aprendeu a aprender”, conhecedor das realidades do campo no qual vai desenvolver sua carreira, bem como consciente do papel que deve desempenhar na sociedade. Pense nisto!
Referência:
- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário de língua portuguesa. Nova Fronteira, 2a ed.1986.
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