A evolução da humanidade é a história de uma busca constante por inovação. Toda vez que uma inovação acontece um novo mundo toma forma. Estamos passando agora por uma nova revolução. Uma revolução que não se relaciona com ferramentas, mas com ambientes urbanos: é a revolução das cidades inteligentes. Novos bairros e cidades inteiras serão mais inteligentes, mas eficientes e socialmente inclusivas.
É sobre este tema que vamos tratar nessa entrevista, que foi realizada com a cofundadora da Planet Smart City, Susanna Marchionni. A Planet Smart City é a empresa idealizadora do revolucionário projeto da primeira Cidade Inteligente Inclusiva do Mundo: a Smart City Laguna, em construção no município de São Gonçalo do Amarante – Ceará.
Susanna Marchionni, 48, se formou na Faculdade de Economia e Comércio de Turim, na Itália, e iniciou suas atividades no setor imobiliário em 1996, ao lado do também cofundador da Planet, Giovanni Savio. No setor imobiliário brasileiro a empresária começou a atuar em 2011, quando assumiu a função de CEO da Planet Smart City aqui no país.
Ela é a responsável pela estruturação de 10 cidades inteligentes no Brasil nos próximos três anos. Além do Ceará, a empresa já começou a construir no Rio Grande do Norte a Smart City Natal. E não fica só nisso! A empresária acompanha de perto o andamento das obras e, desde 2016, é presidente do Instituto Planet, que desenvolve a gestão social das cidades inteligentes, atuando nas áreas de educação, inclusão social, economia colaborativa, arte, cultura e esporte.
Confira abaixo a entrevista que a CEO da Planet no Brasil, Susanna Marchionni, concedeu ao Engenharia é!
1 – Quem é a Planet Smart City e o que a empresa faz?
Somos líder global em cidades inteligentes inclusivas. Projetamos e construímos cidades e bairros que colocam as pessoas ao centro de todos os projetos. Estamos sediados em Londres, com escritórios em Turim (Itália) e em Fortaleza (Brasil). Nossas equipes, multidisciplinares, integram inovação em arquitetura e planejamento urbanístico, tecnologia, meio ambiente e práticas de engajamento social para oferecer residências de alta qualidade, com preço acessível, criando valor de longo prazo para os moradores.
2 – O que é uma Cidade Inteligente Inclusiva?
É um ambiente onde tudo está ao alcance de todos e onde as pessoas são o centro de tudo, independente de classe social, raça e orientação sexual. Nos nossos empreendimentos, adotamos soluções inteligentes em quatro áreas: Tecnologia, Meio Ambiente, Arquitetura e Urbanismo e Pessoas. Tudo para fazer da cidade um local que ofereça alta qualidade de vida aos moradores. Nossas smart cities são inclusivas porque têm foco no bem-estar das pessoas e no desenvolvimento de um ambiente harmonioso e colaborativo. Além disso, desenvolvemos tudo de forma otimizada e, graças à tecnologia que criamos, podemos oferecer preços acessíveis.
3 – Que tecnologia vocês criaram?
Criamos um aplicativo gratuito que é o painel de controle das nossas cidades inteligentes inclusivas: é o Planet App. Esse aplicativo promove interação entre os moradores; acesso a informações, como eventos e atividades; e gera economia compartilhada, barateando a vida na cidade, reduzindo o desperdício e otimizando tempo e recursos, como por exemplo, caronas compartilhadas, oferta ou troca de serviços e vendas de coisas usadas. Além de tudo isso, o app também promove segurança, por meio do acesso ao videomonitoramento em tempo real das áreas comuns da cidade, e possui um botão SOS, que, em caso de emergência, o morador poderá pressioná-lo e enviar um alerta com a geolocalização dele aos cinco contatos cadastrados previamente no aplicativo. Para nós a tecnologia é um meio e não um fim. É um meio para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
4 – Por que a primeira cidade inteligente inclusiva da Planet acabou sendo construída no Brasil?
Em 2011, eu estava lendo uma reportagem da revista britânica The Economist e vi que a região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, era uma das 10 melhores do mundo para investir. Então não pensei duas vezes. Comprei a passagem, vim conhecer e me encantei. Em seguida, encomendamos um estudo da Universidade de Milão, que constatou que a região tinha grande desenvolvimento econômico, mas possuía um grande déficit habitacional. Ou seja: era o local ideal para executarmos o projeto piloto da primeira cidade inteligente inclusiva do mundo.
A Smart City Laguna está situada em uma das regiões que mais crescem no Brasil: o município de São Gonçalo do Amarante – Ceará. Possui uma área de 330 hectares e fica a apenas 20 minutos das mais belas praias do litoral oeste cearense. Em virtude do Complexo do Pecém, que possui porto de nível internacional e uma das siderúrgicas mais modernas do mundo – a Companhia Siderúrgica do Pecém, a região vive uma grande ascensão econômica, além de possuir uma grande vocação turística.
5 – Da ideia à implementação da Smart City Laguna, qual foi a maior dificuldade?
No começo, sendo o projeto muito inovador e totalmente disruptivo, muitos não acreditavam e questionavam: é possível infraestrutura de alto padrão, serviços e tecnologia ao alcance de todos? Biblioteca, cinema, cursos de inglês e de tecnologia, tudo isso gratuito e a preços acessíveis? A resposta é que o modelo Planet funciona e é possível por conta da tecnologia desenvolvida por nós, que permite economia de escala e segue um cronograma de obras rigoroso e o apoio de um Centro de Competência na Itália, que procura e integra as melhores soluções inteligentes disponíveis no mundo.
6 – Li que vocês já começaram a construir outro empreendimento no Nordeste. Fale um pouco sobre esse segundo projeto!
A Smart City Laguna está sendo um sucesso. Por isso, resolvemos expandir para outro estado. Começamos a construção da nossa segunda cidade inteligente aqui no Brasil no Rio Grande do Norte: é a Smart City Natal, localizada no município de São Gonçalo do Amarante. Aliás, o nome da cidade é igual ao do município onde estamos construindo a Smart City Laguna, que fica no Ceará. Por isso, as vezes, as pessoas acham que estamos falando do mesmo empreendimento. Mas não! São dois empreendimentos diferentes.
Fizemos o lançamento da Smart City Natal nesse ano e também foi um grande sucesso. Pretendemos lançar, ainda neste ano de 2019, outros dois projetos no Brasil, além de entrar no mercado da Índia. Continuando, naturalmente, com os nossos projetos na Itália e conversando com outros países que possuem grande déficit habitacional. Esse é o nosso foco prioritário.
7 – Quais são os principais problemas relacionados à sustentabilidade e moradia que afligem a humanidade? E como as cidades inteligentes podem ajudar a mitigar esses problemas?
Atualmente, 330 milhões de famílias no mundo vivem em casas inadequadas ou são incapazes de pagar seu aluguel. Uma habitação é definida como “social” quando a despesa média anual da família destinada ao aluguel ou a parcela do financiamento da casa própria não ultrapassa 30% da renda total. Mundialmente, os projetos de habitações sociais têm os principais requisitos: dimensões mínimas (a média de uma unidade habitacional é de cerca de 55 metros quadrados), acesso a água potável, sistema de esgoto, rede de distribuição de eletricidade e distância do local de trabalho, com tempo de deslocamento inferior a 1 hora.
Uma moradia inadequada afeta diretamente o meio ambiente, pois nela faltará tratamento de esgoto, coleta seletiva do lixo, consumo desordenado dos recursos naturais, entre outros problemas. Já as cidades inteligentes são aliadas do meio ambiente, pois é cercada de áreas verdes, é toda planejada, incentiva a economia de água e energia elétrica e estimula o uso de energias renováveis. Nossos projetos de cidades inteligentes usam as mais recentes inovações em sustentabilidade.
8 – Você acredita que de alguma maneira empresas como a Planet, por exemplo, buscam compensar lacunas deixadas pelo Estado?
A Planet não busca em seus empreendimentos substituir o papel do Estado. Nossos bairros e cidades inteligentes são abertos, ou seja, sem muros, e estão sob responsabilidade da administração pública, como qualquer outro local. O nosso grande diferencial é que entregamos uma infraestrutura de alta qualidade e usamos a tecnologia e a inovação social para evitar problemas futuros que atingem a maioria das cidades, como engarrafamentos, alagamentos, falta de segurança, entre outros.
9 – Infelizmente ainda vivemos em um mundo onde as mulheres sofrem vários tipos de preconceitos e, no meio empresarial, isso deve acontecer com muita frequência. Qual foi o principal desafio que você enfrentou na sua carreira?
Estruturar a Planet no Brasil foi um grande desafio! Ser executiva em um setor empresarial tipicamente masculino não é fácil, somado ao fato de chegar do outro lado do mundo sem domínio do idioma e também em um lugar diferente, com outra forma de comunicação entre as pessoas e também de fazer negócios. Se juntarmos isso tudo ao fato de que o nosso projeto é totalmente ousado e disruptivo, fica tudo ainda mais complicado. É um modelo que envolve conceitos e inovações que quebram barreiras e, por isso, despertam muitas desconfianças. Mas venci todos esses desafios, com dedicação, força, perseverança e determinação. Nada me para!
10 – O que esperar da Planet nos próximos 10 anos?
Estamos mudando a forma de morar no Brasil e no mundo. Daqui a 10 anos pretendemos ser o maior player mundial do setor de cidades inteligentes.
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