Cruzeiros e vôos estão sendo cancelados. Faculdades e universidades estão enviando seus alunos para casa para assistir aulas online. Fechamento de escolas públicas. Escritórios pedindo às pessoas que trabalhem de casa. Concertos, desfiles, festivais e eventos esportivos sendo adiados.
Tudo isso é realmente necessário devido ao Coronavírus? As autoridades de saúde pública estão exagerando na ameaça representada pelo vírus que causa a doença do novo Coronavirus, o COVID-19?
É absolutamente necessário, porque funcionou no passado, diz o historiador médico Howard Markel, especialista da Universidade de Michigan que estudou os efeitos de respostas semelhantes a epidemias que ocorreram no passado.
“Um surto em qualquer lugar pode ir a qualquer lugar,” diz Markel. E agora, “Todos nós precisamos nos empenhar para tentar evitar casos em nossas comunidades.”
É o chamado “achatar a curva”, um termo que as autoridades de saúde pública usam o tempo todo, mas que muitas pessoas ouviram pela primeira vez nos últimos dias.
Que curva? E por que esse é o melhor plano?
Se você observar a imagem acima, poderá ver duas curvas – duas versões diferentes do que pode acontecer nas regiões que detectaram os primeiros casos.
A curva alta e fina é ruim — isto quer dizer que muitas pessoas ficam doentes de uma só vez, em um curto período de tempo, porque não tomaram medidas suficientes para impedir que o vírus se espalhe de pessoa para pessoa.
A maioria das pessoas não fica doente o suficiente para precisar ir a um hospital. Mas aqueles que o fazem, podem por sua vez sobrecarregar o número de leitos e equipes de atendimento que os hospitais de nosso país têm disponível.
Markel ainda diz que muitos pronto-socorros e hospitais já operam perto da capacidade em um dia “normal”, sem Coronavirus. Adicionar um pico acentuado a esse tráfego com pacientes com Coronavirus pode significar que algumas pessoas não vão receber os cuidados de que necessitam, sejam essas pessoas com ou sem Coronavirus.
A curva mais plana e mais baixa é melhor — mas será necessário trabalhar em conjunto para que isso se conclua, diz Markel, que é o diretor do Centro de História da Medicina da Universidade de Michigan.
Ele e seus colaboradores estudaram os efeitos dos esforços para impedir a propagação da pandemia de gripe de 1918 e, mais recentemente, da epidemia H1N1 que ocorreu em 2009.
O achatamento ajuda a todos
Se indivíduos e comunidades tomarem medidas para retardar a propagação do vírus, isso significa que o número de casos de Coronavirus se estenderá por um longo período de tempo. Como ilustra a curva, o número de casos em um determinado momento não ultrapassa a linha pontilhada da capacidade que o sistema de saúde de nosso país, assim dará para ajudar todos os que estão muito doentes.
“Se você não tem tantos casos chegando aos hospitais e clínicas de uma só vez, pode realmente diminuir o número total de mortes pelo vírus e por outras causas,” diz ele. “E, mais importante, ganha tempo para cientistas das universidades e dos governos, e para a indústria, criar novas terapias, medicamentos e potencialmente uma vacina.” Continua.
Outro fator importante a ser considerado: os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos e muitos outros funcionários que realmente trabalham na área da saúde. Quanto mais casos de Coronavirus ocorrer em um determinado momento, maior a probabilidade de alguns deles serem contagiados, seja na comunidade ou no caso, no trabalho. Quando estão doentes, precisam ficar longe dos pacientes por semanas. O que significa menos profissionais para cuidar dos pacientes.
Em resumo
Cancelar, adiar ou mudar nosso trabalho, educação e lazer para o modo online, pode ser inconveniente, irritante e decepcionante.
Mas os hospitais precisam ter espaço, suprimentos e profissionais suficientes para atender aqueles que precisam de atendimento em nível hospitalar — seja para o Coronavirus, ataque cardíaco, acidente de carro ou maternidade. É por isso que é importante ouvir as autoridades e líderes de saúde pública quando eles dizem que é hora de mudar a maneira como vivemos nossas vidas temporariamente.
“O coronavírus é uma doença transmitida socialmente e todos temos um contrato social para detê-la,” diz Markel. “O que nos une é um micróbio — mas também tem o poder de nos separar. Somos uma comunidade muito pequena, reconhecemos ou não. A hora de agir como uma comunidade é agora.” Finaliza Markel.
Texto adaptado de Universidade de Michigan.
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