Você está viajando a uma velocidade constante e você arremessa algo ou dispara um projétil exatamente na mesma velocidade, mas no sentido oposto ao movimento, o que acontece com ele? Em outras palavras, se você arremessá-lo “para trás”, o que ocorrerá?
Quem se der ao trabalho de fazer o desenho da situação vai chegar à conclusão que o objeto ou projétil simplesmente vai cair no chão, em linha reta. Mas será isso mesmo?
Para testar esta questão, o MythBusters (programa de TV da Discovery Channel) jogou uma bola de futebol para trás em um veículo em movimento, na mesma velocidade do veículo.
O resultado pode ser conferido no vídeo abaixo. A bola realmente cai em linha reta após deixar a “arma” que a dispara. O interessante é observar a trajetória da bola a partir do veículo: é uma trajetória parabólica, exatamente a que teria se o veículo estivesse parada!
Galileu Galilei e Isaac Newton
Os físicos costumam decompor o movimento em componentes verticais e horizontais, para assim melhor entendê-lo. Antes do disparo, a bola tem apenas uma componente, a horizontal, que tem o valor da velocidade do veículo, no sentido do movimento do veículo. A componente vertical não existe, porque a bola está sempre à mesma altura.
Durante o disparo, a bola é acelerada na direção oposta ao movimento do veículo, de forma a atingir uma velocidade igual à do veículo, mas no sentido contrário. Para o veículo, que continua viajando, a bola vai se afastando a uma velocidade igual à que pode ser lida no velocímetro.
Mas aparece também uma outra componente, vertical, resultado da ação da gravidade. Esta é uma componente variável, que vai aumentando conforme passa o tempo – ou seja, a bola é acelerada em direção ao solo, e é aí que começa a doidera…
Para o veículo, a bola percorre uma trajetória parabólica, como um projetil que tenha sido disparado. Para um observador que está no solo, para o qual o veículo esteja viajando em uma velocidade constante, a bola ou projetil simplesmente cai em linha reta e vertical, em direção ao solo. A mesma bola, o mesmo veículo o mesmo movimento, mas diferentes observadores encontram diferentes curvas para descrever o mesmo movimento.
Galileu Galilei foi o primeiro a colocar isto em palavras, apontando a conclusão que a velocidade não era absoluta, mas dependia da velocidade entre o observador e o fenômeno observado. Sir Isaac Newton acrescentou suas três leis.
Mas qual é o movimento REAL da bola ou do projétil? Não tem como saber: veículo e bola ou projétil estão sobre a Terra, e a Terra está girando sobre seu eixo. Além disso, a Terra balança um pouco com o movimento da lua, e as passagens próximas de Júpiter. E tem também o movimento da Terra em torno do sol. O sol também não está parado, já que orbita o centro da nossa galáxia, que por sua vez também não está parada – está em uma dança gravitacional com o grupo local de galáxias. O grupo local está em movimento, em direção ao Grande Atrator de Virgem.
E tudo isto está acontecendo em um universo que está em expansão, e que não tem centro nem bordas. Tem alguma coisa que está parada? Galileu Galilei perguntaria “parada em relação a quê?”, e ele está certo.
Finalmente, confira o vídeo:
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