Você costuma dizer “por favor” e “obrigado” a um chatbot ou sente pena quando robôs são tratados de forma fria? Se sim, saiba que você não está sozinho. Uma pesquisa de doutorado da Radboud University, nos Países Baixos, revelou que a maioria das pessoas evita maltratar máquinas que demonstram emoções — mesmo sabendo que esses sentimentos são apenas uma simulação.
O estudo também traz um alerta: esse sentimento humano em relação aos robôs pode ser explorado para manipulações sutis.
“Robôs não têm sentimentos… mas humanos, sim.”
Esse é o ponto central da tese de doutorado de Marieke Wieringa, que será apresentada em 5 de novembro. No trabalho, a pesquisadora alerta para o potencial de manipulação emocional, onde a compaixão humana por robôs poderia ser explorada por empresas.
Para entender como as pessoas reagem às máquinas em situações de violência simulada, Wieringa realizou uma série de testes:
- Em um dos experimentos, os participantes tinham que escolher entre realizar uma tarefa tediosa ou sacudir um robô. Se o sacudissem por tempo suficiente, evitavam a tarefa entediante;
- Em algumas versões do teste, os robôs reagiam às sacudidas com sons simulados de sofrimento, como gemidos e lamentos; em outras, permaneciam silenciosos.
Os resultados mostraram que, enquanto os robôs não emitiam sons, a maioria dos participantes continuava a sacudi-los. No entanto, ao ouvirem os sons de “sofrimento”, muitos mudaram de ideia e preferiram realizar a tarefa tediosa em vez de “maltratar” a máquina.
O estudo levanta questões sobre até que ponto a empatia humana pode ser explorada no convívio com robôs.
Segundo Wieringa, o experimento revelou que, quando os robôs simulavam sentir dor, os participantes sentiam culpa ao maltratá-los.
Robôs podem ser usados para manipulação emocional
A pesquisadora alerta que, com esse conhecimento, é apenas uma questão de tempo até que empresas explorem o apego humano aos robôs para promover manipulação emocional. Ela cita o exemplo dos Tamagotchis, os bichinhos virtuais que foram muito eficazes em despertar nossos sentimentos de cuidado e responsabilidade.
De acordo com o site TechXplore, Wieringa sugere que regulamentações governamentais sejam implementadas para definir quando e em quais contextos é apropriado que chatbots, robôs e outras máquinas simulem emoções.
Entretanto, uma proibição total também não é benéfica. Ela citou o exemplo dos robôs terapêuticos, que utilizam emoções para auxiliar as pessoas. A mensagem importante é que devemos estar vigilantes em relação à manipulação, uma vez que as máquinas não possuem sentimentos, apesar de sua capacidade de atuar de forma eficaz.
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