De acordo com a agência Europa Press, a equipe de pesquisadores descobriu que as moléculas de ARN curtas podem formar cristais líquidos que estimulam o crescimento de correntes mais longas.
Os cientistas têm especulado que a vida na Terra se originou em um “mundo de ARN”, onde este ácido ribonucleico cumpria a dupla função de transportar informação genética e conduzir o metabolismo antes do surgimento do ADN ou das proteínas.
De fato, os cientistas descobriram cadeias catalíticas de ARN, ou “ribozimas”, nos genomas modernos. As ribozimas conhecidas têm um comprimento de aproximadamente 16-150 nucleotídeos, então, surge a questão: como é que essas sequências foram reunidas num mundo primordial sem ribozimas ou proteínas existentes?
Tommaso Bellini, da Universidade de Milão, na Itália, e os restantes de seus colegas questionaram-se se os cristais líquidos poderiam ajudar a guiar os precursores de ARN curtos para formar correntes mais longas.
Para perceber isso, a equipe explorou diferentes cenários em que os ARN curtos poderiam “auto-reunir-se” e descobriram que, em altas concentrações, as sequências curtas de ARN (de 6 ou 12 nucleotídeos de comprimento) são sequenciadas espontaneamente em fases de cristal líquido.
Os cristais líquidos formaram-se ainda mais facilmente quando os investigadores adicionaram iões de magnésio, que estabilizaram os cristais, ou polietilenoglicol, que sequestrou o ARN em microdomínios altamente concentrados.
Uma vez que os ARN foram mantidos juntos em cristais líquidos, um ativador químico poderia unir eficientemente as suas extremidades em cadeias muito mais longas. Essa disposição também ajudou a evitar a formação de ARN circulares que não podiam alongar-se mais.
Os investigadores assinalam que o polietilenoglicol e o ativador químico não seriam encontrados em condições primordiais, mas dizem que outras espécies moleculares podem ter desempenhado funções similares, mas menos eficientes.
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