Recentemente, uma equipe internacional de cientistas publicou um estudo na revista Nature, no qual utilizaram espectroscopia a laser para examinar os limites da tabela periódica, focando nos extremos de nêutrons e prótons presentes nos núcleos atômicos dos elementos químicos.
Elementos além do urânio, como o férmio (elemento 100) e o nobélio (elemento 102), não são encontrados na natureza e precisam ser sintetizados artificialmente para estudo.
Utilizando o acelerador de partículas GSI/FAIR, em Darmstadt, na Alemanha, a equipe obteve importantes descobertas sobre a estrutura dos núcleos atômicos de férmio, que possui 100 prótons e entre 145 e 157 nêutrons. O objetivo era analisar como a estrutura quântica interna desses núcleos pesados influencia suas dimensões físicas.
Para realizar as medições, a equipe analisou isótopos do férmio com tempos de vida que variavam de alguns segundos a até cem dias. Para “criar” esses isótopos, foram usados diferentes métodos: os isótopos de vida curta foram gerados no GSI/FAIR, com uma duração de apenas alguns átomos por minuto. Durante o processo, a amostra foi desacelerada em gás argônio, o que permitiu capturar elétrons que formam átomos neutros, mais fáceis de estudar por meio de luz laser.
Já os isótopos de férmio com vida mais longa (ricos em nêutrons) foram produzidos em pequenas quantidades em outros laboratórios e analisados de forma semelhante. Esses isótopos mais estáveis são mais adequados para serem isolados e “aprisionados”, possibilitando uma análise detalhada.
No processo de espectroscopia, a luz laser excita um elétron no átomo de férmio, removendo-o e formando um íon detectável. A energia de excitação varia de acordo com o número de nêutrons, fornecendo pistas sobre as alterações no tamanho do núcleo.
Impactos do estudo sobre os limites da tabela periódica
Os testes revelaram um aumento constante e uniforme no raio de carga nuclear (a área ocupada pelos prótons) nos isótopos de férmio à medida que o número de nêutrons também aumentava. Isso indica que os efeitos de camada nuclear têm pouca influência sobre essa propriedade em núcleos pesados.
Em núcleos mais leves e médios, por outro lado, a estrutura de camada nuclear desempenha um papel fundamental: os prótons e nêutrons ocupam diferentes níveis de energia, como camadas ou “órbitas”. Esses níveis têm um impacto significativo nas energias de ligação necessárias para manter o núcleo estável. Quando um núcleo possui o número “ideal” de prótons ou nêutrons para completar uma camada, ele se torna mais firme e estável.
Os resultados confirmaram as previsões teóricas de que, à medida que a massa nuclear aumenta, os efeitos individuais dos nêutrons e prótons perdem influência. No entanto, esses efeitos continuam predominantes em núcleos onde há um conjunto completo de prótons e nêutrons nas camadas.
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