Um estudo publicado na revista científica The Astrophysical Journal Letters revela a detecção de uma nova molécula química no espaço por pesquisadores do MIT e de outras instituições. Chamada de 2-metoxietanol (CH3OCH2CH2OH), a molécula foi encontrada na Nebulosa Pata de Gato (NGC 6334I), uma região de formação estelar localizada a cerca de 40 anos-luz da Terra.
Composta por 13 átomos, incluindo três de carbono, oito de hidrogênio e dois de oxigênio, os cientistas afirmam que essa é uma das maiores moléculas já identificadas no espaço. Enquanto na Terra o 2-metoxietanol é considerado um solvente químico potencialmente tóxico para os seres humanos, no espaço pode desempenhar um papel fundamental na formação de estrelas e planetas.
Os pesquisadores destacam que existem diversas outras moléculas do tipo “metoxi” já encontradas no espaço, como éter dimetílico, metoximetanol e éter etilmetílico, entre outras. No entanto, o 2-metoxietanol se destaca por ser uma das maiores e mais complexas já observadas, com apenas seis outras moléculas detectadas no Sistema Solar apresentando mais átomos.
“Nosso grupo está empenhado em compreender quais moléculas estão presentes em regiões do espaço onde futuras estrelas e sistemas solares irão se formar. Isso nos permite entender como a química evolui durante o processo de formação de estrelas e planetas. Realizamos isso observando os espectros rotacionais das moléculas, que são padrões de luz únicos emitidos enquanto as moléculas se movimentam no espaço”, explicou Zachary T.P. Fried, estudante de pós-graduação do grupo McGuire e autor principal do estudo, em um comunicado oficial.
Fried acrescentou: “Esses padrões são como impressões digitais ou códigos de barras das moléculas. Para detectar novas moléculas no espaço, primeiro precisamos ter uma ideia de qual molécula procurar. Em seguida, podemos registrar seu espectro em laboratório aqui na Terra e, por fim, procurar esse espectro no espaço usando telescópios.”
Utilizando observações de radiotelescópios, o grupo detectou a nova molécula, com confirmação posterior por meio de dados coletados pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA). A equipe destaca que observações contínuas de moléculas contribuem para avançar o conhecimento sobre a eficiência desses agrupamentos de átomos no espaço, permitindo uma melhor compreensão de como são produzidos nesse ambiente extremo.
É crucial destacar que a pesquisa foi fundamentada no uso de um modelo de aprendizado de máquina, responsável por sugerir a busca pelo 2-metoxietanol no espaço. O estudo sugere que essa descoberta pode proporcionar uma compreensão mais aprofundada da complexidade da química no ambiente espacial.
“No final das contas, observamos 25 linhas rotacionais de 2-metoxietanol que correspondiam ao sinal molecular observado em direção a NGC 6334I (o código de barras conferiu!), resultando em uma detecção segura de 2-metoxietanol nesta fonte. Além disso, ao detectarmos essa molécula em NGC 6334I, mas não em IRAS 16293-2422B, tivemos uma oportunidade única de analisar como as diferentes condições físicas dessas duas fontes podem influenciar a química que ocorre nelas”, afirmou Fried.
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