A prática de transfusões sanguíneas foi testada por séculos, mas demorou para se tornar comum na medicina. Na época, a falta de conhecimento sobre os tipos sanguíneos resultava em coagulações e mortes frequentes, o que tornava o tratamento mais perigoso do que benéfico.
Durante o século XVII, os primeiros experimentos de transfusão sanguínea foram realizados na Europa, após William Harvey descrever a circulação sanguínea em 1616. Em 1666, o médico Richard Lower realizou a primeira transfusão de sangue entre dois cães na Royal Society de Londres. Um ano depois, o médico francês Jean-Baptiste Denys realizou a primeira transfusão documentada de sangue entre um animal e um ser humano. O paciente era um adolescente que havia perdido muito sangue devido a sangrias para tratar uma febre, prática médica comum na época. Denys transferiu o sangue da carótida de um cordeiro para as veias do rapaz, que sobreviveu, ao contrário do animal.
No passado, acredita-se que a transfusão de sangue não só melhoraria a saúde e curaria doenças, mas também mudaria a personalidade e trataria a loucura. No entanto, como muitas vezes o paciente acabava morrendo, a prática foi banida em 1668 pelo edito de Châtelet e ficou obscurecida por quase 150 anos.
No início do século XIX, a transfusão de sangue retornou à prática médica quando o obstetra James Blundell realizou uma transfusão com uma seringa contendo sangue desfibrinado, para evitar que o líquido coagulasse na paciente. Embora os resultados tenham sido melhores do que em tentativas anteriores, muitos pacientes ainda morriam e o procedimento não se tornou uma boa prática contra a coagulação.
No entanto, a ideia de usar leite para transfusões em humanos foi recebida com ceticismo e críticas pela comunidade médica. Os médicos que defendiam essa prática afirmavam que o leite poderia ser usado como um substituto do sangue, que poderia tratar doenças e melhorar a saúde. No entanto, muitos outros questionaram a eficácia do leite como um substituto do sangue, bem como sua segurança e potencial de risco de infecções. Embora a prática não tenha durado muito tempo, alguns médicos a utilizaram com sucesso em pacientes, e a transfusão de leite se tornou parte da história da medicina.
Os médicos responsáveis pelo uso do leite ainda acreditavam que a substância ajudaria a regenerar os glóbulos brancos. Surpreendentemente, o primeiro paciente a receber a infusão de leite sobreviveu e teve sua saúde melhorada. No entanto, os cinco pacientes seguintes vieram a óbito. Mesmo assim, o tratamento se popularizou e foi visto como uma alternativa segura e legítima à transfusão sanguínea. Alguns cirurgiões, no entanto, mantiveram-se céticos e, ao longo do tempo, a prática foi caindo em desuso e perdendo credibilidade.
Nos anos 1880, as infusões salinas substituíram o leite, e após a descoberta dos três primeiros tipos sanguíneos por Karl Landsteiner na virada do século, a transfusão sanguínea finalmente ganhou tração. Atualmente, milhões de pessoas recebem transfusões de sangue todos os anos, com mais de 118,5 milhões de doações de sangue sendo coletadas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Hoje em dia, a transfusão de sangue é uma parte rotineira de muitos procedimentos médicos, incluindo cirurgias, tratamento de ferimentos graves e partos. Além disso, o sangue também é usado para tratar condições como falência renal, hemofilia e câncer. A disponibilidade do sangue e seus componentes é crucial para a saúde pública, e muitas pessoas dependem de doações regulares de sangue para manter sua qualidade de vida.
De acordo com: Nature, Indian J Crit Care Med, Transfusion, OMS
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