Tive uma carreira bem longa na docência, tendo começado no voluntariado de primeiras letras para pessoas carentes, depois evoluindo para o nível médio técnico, e depois para a engenharia e cursos de extensão. Um pouquinho mais de 50 anos em sala de aulas… Tive medo, fiquei nervoso, estudei muito, convivi com muitas pessoas, de diversos temperamentos e interesses. Muitas se tornaram amigas e amigos queridos. Olhando para trás, posso dizer que pelo menos para mim, valeu… E se tivesse que começar tudo de novo, recomeçaria, mas agora com uma nova visão. Cito isto, porque ao longo de todo este tempo as coisas mudaram sensivelmente, começando pelo perfil dos alunos; também procurei evoluir na profissão, fazendo cursos especializados, viajando bastante para observar outras instituições de ensino, e assim por diante. Também constatei que os paradigmas e ferramentas do sistema educacional evoluíram, e felizmente pude ir me adaptando…
Hoje vejo que cometi acertos e erros ao longo de toda esta jornada (talvez “erros” seja uma palavra meio forte, no contexto destas considerações…); quanto aos erros, ainda bem que pude reconhecer alguns, e, aprendendo com eles, pude ir melhorando. E quero compartilhar com você, caro leitor, cara leitora, algo do que refleti a respeito, mesmo que de modo bem simplificado, para quem sabe ajudar alguém que labuta nesta fantástica carreira de docente e educador…
Problemas que hoje eu vejo que não considerei, e onde posso ter errado:
– Prendi-me a “Planos de Aula” segmentados e estruturados rigidamente…
– Prendi-me a conteúdos extensos, para cumprir “programas”…
– Prendi-me a conteúdos que, em princípio, não eram importantes e nem interessavam aos alunos…
– E se eram interessantes, não procurei mostrar isso aos alunos…
– Não respeitei a “individualidade coletiva”, a “personalidade” de cada turma, tratando-as como conjuntos de “peças” de uma linha de montagem…
– Fui submetido, e submeti os alunos a locais, horários, e cargas horárias rígidas e imutáveis…
Mas considero que comecei a melhorar e a acertar mais:
– Quando procurei entender os alunos, no contexto de sua geração…
– Quando procurei vê-los como “seres humanos expectantes para aprender,” e não como “peças” a serem montadas…
– Quando pude despertar “brilho nos olhos” e despertá-los para seus sonhos…
– Quando pude servir de modelo de vida para eles, mesmo que falho…
– Quando os desafiei, fazendo-os ir mais longe, por caminhos desconhecidos…
– Quando me preocupei em mostrar a eles coisas que eles achavam (ou mesmo nem percebiam…) que precisavam na vida…
– Quando atendi aos seus desejos e necessidades de aprender mais sobre determinado tópico do programa, ou mesmo fora dele;
– Quando procurei trazer a vida real para dentro do ambiente das aulas, investigando no próprio mundo….
– Quando procurei fazer da sala de aulas um local de compartilhamento e amizade, deixando meu papel de “mestre” para assumir o de “amigo”…
É, minha amiga, meu amigo, assim é a vida… Errar, aprender, melhorar: a sequência que pode dar vida a qualquer carreira…