Que pretensão minha, de tentar sugerir a “receita” de um bom engenheiro! Afinal, em minha vida profissional, dediquei-me mais intensamente à carreira docente, embora tenha tido a grata oportunidade de viver a “vida de engenheiro” várias vezes, em escritório, bancada, e principalmente em campo. E mais, no meu caminhar como professor de empreendedorismo e coordenador de incubadoras de empresa, pude constatar muitas vezes que a quantidade utilizada de “pitadas” de um ou outro ingrediente da “receita” de engenheiro pode muito bem variar o resultado de uma nova empresa ou carreira…
Como os engenheiros, por vocação, se prestam a ser ativos solucionadores de problemas da sociedade, a engenharia então pode ser considerada uma carreira de cunho social. E como tal, a sua “receita” tem muitos ingredientes, que vão desde o conhecimento técnico bem aprofundado e constantemente atualizado, até importantes “pitadas” voltadas às áreas financeiras, sociais e humanas.
Quanto aos conhecimentos necessários, são ferramentas fundamentais do engenheiro a matemática, a física, a química, enfim, as leis e princípios que regem o mundo físico, evidentemente com grande ênfase nos aspectos dessas ciências voltadas às áreas nas quais o profissional deseja se especializar e profissionalizar. Acrescente-se a tudo isso as ciências de computação, também com a ênfase necessária ao ramo da engenharia para a qual o profissional está se encaminhando ou já trabalhando. No entanto, não basta conhecer os princípios básicos de todas essas ciências, mas também saber utilizá-los de modo criativo e eficiente, identificando quais são os melhores caminhos e conhecimentos que podem auxiliá-lo na obtenção de uma solução criativa e eficaz de um problema ou projeto. Também aqui é bom citar como muito importante a posse e desenvolvimento de conhecimentos empíricos, ou seja, os que são obtidos pela experiência do dia a dia, pela observação atenta do mundo ao redor, na aceitação de fatos novos – enfim, o que lhe está disponível no seu entorno… E mais: para a receita não “desandar” com tempo, o trabalho real na profissão e a atualização constante dos conhecimentos é fundamental…
No entanto, voltando ao ponto de que a engenharia pode ser considerada uma carreira de cunho social, passa a ser muito importante que o engenheiro também esteja de posse e faça uso de outros conhecimentos e práticas, não tão voltadas ao “mundo tecnológico”, mas sim a outros campos do conhecimento, tais como psicologia, sociologia, ecologia, relações humanas, e assim por diante. Ele está inserido no mundo, e o mundo também é regido por um conjunto de regras, paradigmas, hábitos e costumes além da tecnologia, os quais precisam ser respeitados e bem cuidados.
Quanto às relações humanas, o bom engenheiro deve se cuidar para bem saber comunicar-se, dentro dos diversos canais de que dispõe – uma triste falácia é aquela que já ouvi: “sou engenheiro, logo não sei escrever…” Que absurdo! Temos sempre que nos comunicar bem, por escrito e verbalmente. Também o trabalho em equipe, com empatia e disposição para aceitar e discutir ideias novas, é de grande importância e valor, principalmente nos tempos que correm; e saber aprender com os outros, mesmo que não tenham a mesma formação técnica, é também uma grande fonte de crescimento profissional.
Finalmente, a ética no exercício da profissão. Sempre temos que considerar a satisfação dos clientes, as consequências e desdobramentos no futuro dos projetos, implicações quanto ao meio ambiente, e assim por diante. Se nós nos formamos para ajudar a resolver os problemas da sociedade, é para ela que temos que ter uma atuação perfeita, não é?
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