Pesquisadores da Microsoft e da Universidade Carnegie Mellon identificaram que o uso inadequado de ferramentas de inteligência artificial generativa pode impactar negativamente as faculdades cognitivas, reduzindo a capacidade de pensamento crítico dos usuários. O estudo analisou como profissionais de diferentes áreas utilizam modelos de IA para otimizar suas tarefas diárias e economizar tempo.
IA e pensamento crítico: um equilíbrio delicado
A pesquisa entrevistou 319 pessoas que utilizam IA generativa pelo menos uma vez por semana, buscando entender como essas ferramentas são empregadas e se os usuários ainda exercitam habilidades analíticas ao realizar suas tarefas. Os resultados revelaram que apenas 36% dos participantes adotam medidas para evitar os efeitos colaterais da IA, como as alucinações—respostas incorretas ou inventadas pelo modelo.
Entre os principais usos da IA generativa no ambiente profissional, destacam-se:
- Criação: geração de e-mails e documentos repetitivos;
- Pesquisa: busca por informações ou resumos de artigos extensos;
- Assistência: auxílio na tomada de decisões e na geração de gráficos com base em dados.
De criadores a revisores: a mudança na dinâmica de trabalho
O estudo apontou que, ao incorporar IA no cotidiano, os profissionais tendem a abandonar a criação ativa de conteúdo e passam a atuar apenas como revisores. Em vez de formular ideias ou interpretar dados de forma independente, muitos apenas validam o que a IA gerou, o que reduz a necessidade de um pensamento mais aprofundado.
“Os dados indicam uma mudança no esforço cognitivo, à medida que os trabalhadores passam da execução para a supervisão ao utilizar IA generativa”, destaca o estudo.
Outro problema identificado foi a falta de diversidade nos resultados gerados por usuários que dependem da IA, quando comparados aos que realizam as mesmas tarefas sem a ferramenta. Essa uniformidade reflete uma diminuição do julgamento contextual e pessoal, levando a respostas padronizadas.
Dependência da IA e a perda de habilidades no longo prazo
Embora a IA generativa aumente a produtividade, a pesquisa alerta para um possível desengajamento crítico dos trabalhadores, especialmente em tarefas repetitivas e de baixo risco.
Se esse comportamento se tornar um hábito, o usuário pode deixar de exercitar sua capacidade de análise e tomada de decisão, tornando-se cada vez mais dependente da tecnologia. A longo prazo, essa tendência pode levar a uma atrofia do pensamento crítico, comprometendo a autonomia na resolução de problemas.
“Embora a IA generativa possa aumentar a eficiência, ela pode inibir o engajamento crítico com o trabalho, levando a uma dependência exagerada da ferramenta e a uma menor capacidade de solucionar problemas de forma independente”, conclui o estudo.
Para mitigar esse efeito, os pesquisadores sugerem que as ferramentas de IA no ambiente profissional sejam projetadas de forma a estimular o pensamento crítico, incentivando uma participação mais ativa dos usuários em suas decisões e análises.
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