Nos últimos anos, a Corrente Circumpolar Antártica (CCA) tem demonstrado um comportamento preocupante, colocando em risco o delicado equilíbrio climático do nosso planeta e elevando a ameaça do aumento do nível do mar. Pesquisadores da Columbia Climate School, nos Estados Unidos, identificaram que essa colossal corrente de água está girando cada vez mais rapidamente em torno da Antártida, o continente mais meridional do globo.
“É indiscutivelmente a corrente mais crucial do sistema climático terrestre”, ressalta a geoquímica Gisela Winckler, uma das pesquisadoras da universidade norte-americana e autora do estudo que revelou a aceleração da corrente.
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Detalhes sobre a aceleração da CCA foram publicados na revista Nature, onde a equipe de pesquisadores levanta a hipótese de que esse fenômeno pode ser um efeito do aquecimento global, induzido pela atividade humana.
Observações do passado indicam que, há milhões de anos, essa aceleração já foi registrada em períodos de temperaturas naturalmente mais altas no planeta. Em contrapartida, nos períodos frios, a corrente desacelerava.
O que é a Corrente Circumpolar Antártica?
A Corrente Circumpolar Antártica é uma poderosa corrente oceânica que transporta mais de 100 vezes mais água do que todos os rios do mundo combinados. Este gigantesco sistema de circulação oceânica estende-se da superfície do mar até as profundezas, com um diâmetro de até 2.000 km.
Estima-se que a corrente tenha surgido há cerca de 34 milhões de anos, mas suas características comportamentais atuais se desenvolveram mais recentemente, entre 12 a 14 milhões de anos atrás. Movida por ventos constantes, a corrente circunda a Antártida no sentido horário, transportando de 165 a 182 milhões de m³/s de água a uma velocidade média de cerca de 4 km/h.
Normalmente, a CCA atua como uma barreira, impedindo que águas quentes das regiões tropicais alcancem a Antártida, o que contribui para a preservação das geleiras. No entanto, em alguns casos, seu impacto pode ser contraproducente, como sugerem os pesquisadores.
Como a aceleração da corrente afeta o degelo?
Nas últimas quatro décadas, os cientistas observaram um aumento na intensidade dos ventos sobre o Oceano Antártico, em torno de 40%. Isso resultou na aceleração da Corrente Circumpolar Antártica e na formação de redemoinhos de grande escala em seu interior. Como consequência, águas mais quentes estão alcançando as extensas plataformas de gelo da Antártida.
“Se você deixar um cubo de gelo ao ar livre, ele derreterá gradualmente. Mas se você o colocar em água morna, ele se dissolverá rapidamente”, explica Winckler, ilustrando o que está ocorrendo, de forma exacerbada, em algumas regiões da Antártida.
Para compreender as mudanças na corrente, os pesquisadores desenvolveram um mapa onde as cores mais quentes indicam velocidades mais elevadas. Os pontos vermelhos representam locais onde amostras de sedimentos foram coletadas ao longo dos anos para medir a velocidade da corrente.
Impacto do aquecimento global
O derretimento das geleiras da Antártida, impulsionado pela Corrente Circumpolar Antártica e pela emissão de gases de efeito estufa associados à atividade humana, intensifica as preocupações com o equilíbrio climático global. As geleiras desempenham um papel crucial na captura de carbono, cuja liberação de volta para a atmosfera alimenta e intensifica os processos em andamento, exacerbando ainda mais o aquecimento global.
Fonte: Nature e Columbia Climate School
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