Além da imigração de cidadãos do país europeu para regiões do sul do Brasil, outro fato que está presente na história brasileira é o fornecimento de tecnologias de ponta e a também a chegada de empresas de origem germânica ao Brasil foram estas fundamentais para o desenvolvimento da indústria local e para viabilizar investimentos concretos em infraestrutura.
Destacam-se os nomes de Alfried Krupp e August Thyssen, empresários alemães que
deram origem ao conglomerado industrial que conhecemos hoje, Thyssenkrupp.
“Ao longo de seus 180 anos participamos de marcos que ajudaram a direcionar a
transformação do país e a criar as bases para o desenvolvimento da indústria local. E
continuamos sempre com um olhar no futuro, prontos para encarar os desafios dos
próximos 180 anos”, conta Paulo Alvarenga, CEO da thyssenkrupp para a América do Sul.
Vamos de história?
O primeiro fornecimento da Thyssenkrupp para a América do Sul é datada de 1837, quando
foram enviados ao Brasil dois cilindros para cunhagem de moedas, isto é, rolos de laminação gravados pela Krupp para o Brasil através da intermediação da casa Luckhaus jr. de Remscheid. Neste caso, trata-se do primeiro fornecimento comprovado realizado pela Krupp para um país não europeu.
A entrega aconteceu durante o Período Regencial, período que se estende entre a abdicação de Dom Pedro I e declaração de maioridade de seu filho, Dom Pedro II. Nos anos seguintes, o novo Imperador estabeleceria uma relação bastante próxima com a família Krupp, o que seria fundamental para a importação de tecnologia e processos industriais ao Brasil, cuja
economia, até então, estava baseada quase que exclusivamente na cafeicultura.
Desenvolvendo a indústria do Brasil Império
Em diferentes visitas à fábrica da família Krupp localizada em Essen, na Alemanha, Dom Pedro II sempre buscava entender o funcionamento de máquinas e processos industriais aplicados no local a fim de trazer as inovações para o Brasil. Não coincidentemente, o período do Brasil Império foi fortemente marcado pela redução da dependência pelos produtos ingleses e a abertura de fábricas focadas, principalmente, na produção de alimentos e tecidos, dando maior dinamismo à economia daquela época.
Com todo o crescimento da atividade agrícola e das unidades fabris, surgiu assim a necessidade de criar rotas de conexão para escoar a produção nacional. Nesse cenário,
ainda durante o período Imperial mais uma vez a thyssenkrupp forneceria diferentes tecnologias para o desenvolvimento da infraestrutura ferroviária brasileira, sendo um dos projetos mais importantes a construção da Central do Brasil, ferrovia que conectava as três principais províncias da época: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
A partir do incentivo do Império para a construção de novas ferrovias, a Thyssenkrupp
deu início ao fornecimento constante de equipamento para o desenvolvimento da malha
ferroviária, entre trilhos, desvios, rodas e acessórios. As entregas também aconteceram após a Proclamação da República (1889), sendo feitas tanto pela antiga Krupp como pela antiga Thyssen.
As engrenagens do Brasil República
No início do século, a cafeicultura já começava a dar os seus primeiros sinais de declínio, mas a situação é definitivamente agravada após o crash da Bolsa de Nova York (1929) e a Grande Depressão que se sucedeu no início dos anos 30. A interrupção da exportação de café para grandes mercados consumidores levou a um déficit na balança comercial brasileira, sendo necessário estimular outras atividades que pudessem devolver fôlego e estabilidade à economia daquela década.
Foi nesse cenário, governo de Getúlio Vargas (1930 – 1934) são criadas medidas de estímulo à indústria que, além de diversificar a atividade econômica do Brasil, também pudessem favorecer o desenvolvimento do mercado interno. Não por acaso,
a década de 1930 é marcada pelo avanço do processo de industrialização brasileiro, tendo como um de seus focos principais a indústria de base.
No período, a mineração avança no Brasil e, em 1933, a Thyssenkrupp, atuando como
trading de materiais, registra a primeira entrega de minério de ferro brasileiro para um dos
principais grupos industriais alemães da época. O fornecimento foi feito por uma empresa
adquirida pela antiga Thyssen, que já atuava localmente desde 1920 sob o nome Thyssen
do Brasil.
Anos depois, representantes da companhia participariam de diferentes encontros com lideranças do governo a fim de estimular a maior participação da mineração na economia brasileira. Atualmente, a Thyssenkrupp é uma das principais fornecedoras de equipamentos para as mineradoras brasileiras, fornecendo equipamentos que podem ser aplicados em praticamente todas as fases da operação do projeto, da mina ao porto.
Para tanto, uma das principais contribuições da empresa para a indústria brasileira aconteceria a partir da segunda metade do século, quando a indústria automotiva começa a se desenvolver de modo mais concreto. Com um programa de governo arrojado, em 1956 o presidente Juscelino Kubitschek anuncia o Plano de Metas, cuja previsão era que o Brasil
cresceria 50 anos em cinco.
Um dos pilares do planejamento era o desenvolvimento de infraestrutura em transportes e a atração de empresas para atuarem localmente. Foi assim que em 1961 se deu a abertura da unidade de componentes automotivos forjados da Thyssenkrupp em Campo Limpo Paulista, interior de São Paulo.
A fábrica em Campo Limpo foi a primeira da empresa no Brasil e a primeira fora da Europa, sendo que menos de dez anos após a sua inauguração a unidade já despontava como uma das principais operações da empresa fora da Alemanha – ainda hoje, a fábrica é considerada uma das principais forjarias em todo o mundo.
A partir da atuação da Krupp, nas décadas seguintes a empresa também desempenharia
papel importante para o desenvolvimento da indústria cimenteira. Tendo como pano de
fundo o crescimento da indústria de base. Entretanto, em 1974 a empresa abriu seu primeiro escritório no Brasil focado no segmento, o que deu início à fabricação local de
equipamentos e garantiu assim maior competitividade à indústria cimenteira do País.
Acompanhando os investimentos do governo brasileiro em defesa – na década de 1980 o
país registrava um dos dez maiores orçamentos na área –, em 1987 a Thyssenkrupp
forneceria submarinos Classe Tupi para a Marinha. Os equipamentos permanecem em
operação, hoje atuam na proteção da costa brasileira.
Construindo as bases para o futuro
A partir da década de 90, a Thyssenkrupp passa por transformações que ampliam o seu
portfólio de soluções e que lhe permitem suportar o desenvolvimento do País de outras
formas.
Em 1999 é anunciada a compra da Elevadores Sûr, permitindo à Thyssenkrupp
diferentes formas de inovar dentro do setor de mobilidade urbana. Foi dentro da fábrica da
empresa em Guaíba, no Rio Grande do Sul, que se desenvolveu o engenhoso MULTI, o primeiro elevador sem cabos do mundo e que se movimenta na horizontal e na vertical.
Você pode saber mais sobre o engenhoso MULTI acessando aqui.
Dentro de alguns anos, essa inovação revolucionará por completo a arquitetura dos novos prédios e também o conceito de mobilidade urbana dentro de sistemas subterrâneos, como estações de metrô. Outro marco importante para a indústria brasileira foi a construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no município de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Inaugurada em 2010, a unidade foi o maior investimento realizado pelo setor privado no Brasil num período de dez anos. A operação da siderúrgica também posicionou a thyssenkrupp como uma das principais produtoras de aço no Brasil – em negociação recente, o grupo ítalo-argentino Ternium assumiu a operação da CSA.
Também focada na introdução de novos métodos de produção, em 2015 a Thyssenkrupp
inaugurou sua primeira fábrica no país totalmente integrada ao conceito de indústria 4.0.
Respaldada sob os principais pilares da 4° Revolução Industrial (robótica, automação,
internet das coisas e big data), a operação da unidade de componentes automotivos de
Poços de Caldas, em Minas Gerais, antecipa uma série de operações que sustentarão o
desenvolvimento da indústria ao longo dos próximos anos.
Hoje em dia, o país é um dos principais mercados para a Thyssenkrupp fora da Alemanha e
o principal para a empresa na América do Sul, onde atende os segmentos de
infraestrutura, automotivo, energia, mineração, cimento, construção civil, química,
petroquímica e defesa. Ao todo na região, são quase 10 mil colaboradores, 17 plantas e
centros de serviço e 102 escritórios regionais.
Principais marcos históricos da thyssenkrupp no Brasil
• 1837 – Primeiro fornecimento para o Brasil: dois cilindros gravados para
cunhagem de moedas
• 1877 – Dois anos após o registro na Alemanha, a marca Krupp também é
protegida no Brasil. Isso mostra que, já naquela época, o mercado brasileiro era
considerado muito importante
• 1905 – A empresa constrói o navio “Orion”, de transporte de mercadorias e
passageiros, para a empresa de navegação Cruzeiro do Sul, com sede em Santos
• 1908 – Obtém-se a primeira encomenda de uma locomotiva. Nesse mesmo ano,
duas locomotivas a vapor são fornecidas para a Ferrovia Central do Brasil
• 1920 – Fundação da Companhia Thyssen do Brasil, no Rio de Janeiro
• 1952 – Fornecimento da maior locomotiva a diesel já construída na Alemanha para o Brasil
• 1961 – Inauguração da primeira unidade metalúrgica do grupo no Brasil, e
também a primeira fora da Alemana, na cidade de Campo Limpo Paulista (SP)
• 1987 – Fornecimento dos submarinos Classe Tupi para a Marinha Brasileira
• 1999 – Aquisição da Elevadores Sûr
• 2010 – Inauguração da thyssenkrupp CSA no Rio de Janeiro. Maior investimento
privado no Brasil em 10 anos
• 2013 – Inauguração da sede da empresa na América do Sul, localizada em São
Paulo
• 2015 – Inaugurada em Poços de Caldas (MG) a primeira fábrica da companhia no
Brasil desenvolvida sob o conceito de Indústria 4.0
• 2016 – Mais de 100 equipamento de mobilidade são instalados no aeroporto
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