Desde a criação e definição dos critérios pela União Astronômica Internacional em 2006 para a classificação dos corpos celestes em nosso Sistema Solar, surgiu o termo “Planeta Anão” para designar uma categoria específica de objetos celestes.
No entanto, a definição precisa do que constitui um planeta anão ainda carece de clareza, e a classificação de um objeto como tal pode variar entre astrônomos individuais. Portanto, o número exato de planetas anões no Sistema Solar permanece desconhecido.
Critérios e requisitos para ser um Planeta Anão:
Os critérios para ser um planeta anão incluem estar em órbita ao redor do Sol, possuir massa suficiente para que sua gravidade o torne aproximadamente esférico e não ter limpado sua órbita de outros detritos espaciais.
Entenda cada critério de maneira mais detalhada:
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Orbitar ao redor do Sol:
Um dos requisitos fundamentais para que um corpo celeste seja classificado como planeta anão é sua órbita ao redor do Sol.
Esse critério implica que o objeto esteja ligado gravitacionalmente ao nosso sistema solar, movendo-se em uma trajetória elíptica, circular ou mesmo em uma órbita altamente excêntrica em torno da nossa estrela central e não seja um satélite.
Mas essa relação orbital com o Sol é essencial para distinguir os planetas anões de outros corpos celestes que podem existir no espaço interestelar. A órbita ao redor do Sol é um dos elementos-chave que ajuda os astrônomos a definirem e classificarem os objetos que povoam nosso sistema solar;
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Ser esférico ou quase isso:
Outro requisito crucial para a classificação de um corpo celeste como planeta anão é a sua capacidade de possuir massa suficiente para que sua própria gravidade o torne aproximadamente esférico.
Esse critério está intimamente ligado à força gravitacional exercida pelo objeto, que gradualmente molda sua forma em direção a uma esfera devido à sua própria massa.
Essa característica é fundamental para distinguir os planetas anões de corpos menores, como asteroides ou cometas, que podem ter formas irregulares devido à sua menor massa e à influência de outros fatores, como colisões ou rotação rápida.
A capacidade de um planeta anão de assumir uma forma esférica é um indicador importante de sua natureza gravitacionalmente dominante e sua distinção como membro significativo do sistema solar;
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Nenhuma interferência em sua órbita:
O requisito de ter uma órbita excêntrica é uma característica que alguns planetas anões podem apresentar, embora não seja um critério obrigatório para a sua classificação.
A excentricidade orbital refere-se à forma como a trajetória do planeta anão ao redor do Sol pode se desviar de uma órbita perfeitamente circular. Isso significa que a órbita pode ser mais alongada, com variações na distância entre o planeta anão e o Sol ao longo do tempo.
Porém essa excentricidade orbital pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo interações gravitacionais com outros corpos celestes, como planetas gigantes ou objetos próximos.
Embora não seja um requisito estrito, a excentricidade orbital pode fornecer insights adicionais sobre a dinâmica e a história evolutiva dos planetas anões dentro do sistema solar;
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Não seja um satélite:
Um dos requisitos essenciais para classificar um corpo celeste como planeta anão é que ele não seja considerado um satélite de outro corpo celeste.
Esta distinção é crucial para diferenciar os planetas anões de luas e satélites que orbitam planetas ou outros corpos do sistema solar.
Enquanto os satélites são corpos celestes que orbitam planetas ou planetas anões, os próprios planetas anões orbitam diretamente o Sol, sem serem subordinados a outro objeto.
Essa independência orbital é um dos fatores distintivos que contribuem para a definição e classificação precisa dos planetas anões dentro do contexto do sistema solar.
Mas afinal, o que diferencia os planetas anões?
Os planetas anões são corpos celestes que compartilham características comuns aos planetas, mas também possuem distinções significativas que os diferenciam.
Uma das principais diferenças é que os planetas anões não conseguiram “limpar” sua órbita de detritos espaciais e outros objetos próximos. Isso significa que eles coexistem em regiões do espaço onde há outros corpos celestes de tamanho semelhante, ao contrário dos planetas tradicionais, que têm órbitas mais limpas e desimpedidas.
Enquanto os planetas possuem órbitas definidas e dominam suas regiões orbitais, os planetas anões, embora orbitando o Sol, podem ser encontrados em regiões mais distantes e em órbitas mais excêntricas.
Essas características os colocam em uma categoria única, que não se encaixa perfeitamente na definição de um planeta tradicional, mas também os distingue de outros corpos celestes, como asteroides e cometas. Essas diferenças fundamentais ajudam a contextualizar a diversidade e a complexidade do nosso sistema solar e dos corpos que o compõem.
Dimensões e massa de um planeta anão
A Resolução 5A da União Astronômica Internacional (UAI) não estabelece limites precisos para o tamanho e a massa dos planetas anões.
No entanto, não há um tamanho máximo definido, e um objeto com uma massa ou tamanho maior do que o de Mercúrio, que tenha “vizinhos claramente em torno de sua órbita”, pode se classificar como um planeta anão.
Quanto ao limite mínimo, o conceito de equilíbrio hidrostático da forma determina, mas não estabelece uma massa ou tamanho específico para que um objeto alcance esse equilíbrio.
Observações empíricas sugerem que esse limite pode variar dependendo da composição e história do objeto. Embora o projeto original da Resolução 5 da UAI tenha proposto que a forma em equilíbrio hidrostático se aplicasse a objetos com massa superior a 5 x 10^20 kg e diâmetro superior a 800 km, essa definição não foi incluída na versão final da Resolução 5A aprovada.
Portanto, a UAI evita estabelecer limites arbitrários sem justificativa e baseia suas decisões em evidências observacionais.
Objetos transnetunianos
Para entender de forma clara os tipos de planetas anões que iremos explicar no próximo tópico, é importante compreender o que é são objetos transnetunianos.
Objetos transnetunianos são corpos celestes que orbitam o Sol em uma região além da órbita de Netuno, o oitavo planeta do nosso sistema solar.
Essa região, conhecida como cinturão de Kuiper, é composta por uma vasta coleção de objetos que variam em tamanho, desde pequenos fragmentos de gelo até grandes corpos rochosos e planetas anões.
Os objetos transnetunianos são importantes para a compreensão da formação e evolução do sistema solar, uma vez que eles representam relíquias congeladas da época da sua formação. Plutão é um dos objetos transnetunianos mais conhecidos, e sua reclassificação como planeta anão em 2006.
Tipos de planetas anões
A Resolução 6A da União Astronômica Internacional (UAI) reconhece Plutão como “o protótipo de uma nova categoria de objetos transnetunianos”.
Durante as discussões anteriores à resolução, os astrônomos chamaram os membros dessa categoria de “plutões” ou “objetos plutonianos”, embora não tenham especificado o nome e a natureza dessa categoria.
No entanto, nenhuma dessas denominações foi oficialmente aceita; a primeira foi rejeitada e abandonada na resolução final (6B), enquanto a segunda não obteve maioria para aprovação. Portanto, essa categoria permanece sem nome por enquanto.
Aplica-se apenas aos planetas anões que também são objetos transnetunianos, com períodos, inclinações e excentricidades semelhantes às de Plutão, esta categoria de objetos semelhantes a Plutão.
No entanto, os astrônomos definem esses objetos como planetas com períodos orbitais superiores a 200 anos e órbitas mais inclinadas e elípticas do que as dos planetas clássicos.
Os planetas anões conhecidos no Sistema Solar
Existem atualmente cinco planetas anões reconhecidos oficialmente pela União Astronômica Internacional (UAI).
O mais conhecido é Plutão, localizado no cinturão de Kuiper, além da órbita de Netuno. Descoberto em 1930, os astrônomos consideravam Plutão o nono planeta do sistema solar até 2006, quando a União Astronômica Internacional reclassificou-o como planeta anão devido à sua órbita excêntrica e ao fato de não ter “limpado” sua órbita de outros objetos.
Outro planeta anão é Eris, descoberto em 2005 e localizado também no cinturão de Kuiper. Eris é aproximadamente do mesmo tamanho de Plutão e foi um dos fatores que levaram à reclassificação de Plutão como planeta anão. Sua descoberta destacou a presença de outros corpos semelhantes em órbitas distantes além de Netuno.
Além de Plutão e Eris, outros três planetas anões reconhecidos são Haumea, Makemake e Ceres. Haumea e Makemake também estão localizados no cinturão de Kuiper, enquanto Ceres está localizado no cinturão de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Ceres é o maior objeto no cinturão de asteroides e o único planeta anão localizado no interior do sistema solar.
Os astrônomos estão analisando outros objetos celestes para determinar se eles cumprem os critérios para classificação como planetas anões, além dos cinco planetas anões oficialmente reconhecidos.
Entre esses objetos em análise estão Gonggong, Orcus, Quaoar, Sedna, Varuna e outros corpos celestes descobertos recentemente. O estudo desses objetos em análise continua sendo uma área ativa de pesquisa na astronomia, pois busca entender melhor a diversidade e a composição dos corpos celestes em nosso sistema solar.
A exploração em planetas anões
A exploração de planetas anões tem sido uma área de interesse crescente na exploração espacial, oferecendo insights valiosos sobre a diversidade e a evolução do nosso sistema solar.
No entanto, as missões espaciais têm desempenhado um papel fundamental na exploração desses corpos celestes distantes, fornecendo dados detalhados sobre sua composição, geologia e atmosfera, quando aplicável.
Mas uma das missões mais notáveis foi a sonda New Horizons da NASA, que realizou um sobrevoo histórico de Plutão em 2015, revelando detalhes surpreendentes sobre esse planeta anão e suas luas. As imagens de alta resolução capturadas pela New Horizons revelaram montanhas de gelo, planícies e uma atmosfera tênue em torno de Plutão, fornecendo aos cientistas uma visão sem precedentes desse mundo distante.
Além de Plutão, outras missões, como a sonda Dawn da NASA, exploraram Ceres, o maior objeto no cinturão de asteroides. A Dawn revelou uma superfície complexa marcada por crateras, montanhas e até mesmo atividade geológica passada, indicando um corpo celeste dinâmico e intrigante.
A exploração contínua de planetas anões, juntamente com avanços na tecnologia de espaçonaves e instrumentação científica, promete revelar ainda mais segredos sobre esses mundos distantes e enriquecer nossa compreensão da história e da natureza do sistema solar.
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