Durante a pandemia, houve um intenso debate no meio científico e médico sobre a possibilidade de transmissão de vírus, como o SARS-CoV-2 naquela época, por meio de superfícies como corrimãos, cadeiras e mesas. Esse cenário resultou no amplo uso de álcool em gel e desinfetantes.
Essa controvérsia motivou pesquisas em busca de superfícies que pudessem reduzir o risco de transmissão viral sem depender de desinfetantes ou produtos químicos adicionais.
Uma solução potencial surgiu através dos estudos realizados por Sailee Shroff e seus colegas da Universidade de Jyvaskyla, na Finlândia. Eles descobriram que a madeira possui propriedades antivirais naturais que podem reduzir o tempo de sobrevivência dos vírus em sua superfície. Além disso, certas espécies de madeira mostraram-se mais eficazes na diminuição da transmissibilidade viral do que outras.
Embora seja conhecido que a madeira tem propriedades antibacterianas e antifúngicas, sua capacidade de inativar vírus não havia sido amplamente explorada até então. Os pesquisadores conduziram experimentos para determinar por quanto tempo vírus envelopados e não envelopados permanecem infecciosos em seis tipos diferentes de madeira: pinheiro silvestre, bétula prateada, amieiro cinzento, eucalipto, carvalho pedunculado e abeto norueguês.
Para avaliar a atividade viral, eles lavaram a superfície de cada amostra de madeira exposta aos vírus com uma solução líquida em intervalos específicos de tempo e, em seguida, incubaram essa solução em placas de Petri contendo células cultivadas. Após a incubação, eles mediram quantas células foram infectadas pelos vírus, se houvesse infecção.
Os resultados dos experimentos revelaram que certas madeiras têm melhor capacidade de inativar vírus:
Para um coronavírus envelopado:
- Pinheiro, abeto, bétula e amieiro precisam de apenas uma hora para eliminar completamente a capacidade do vírus de infectar células.
- Eucalipto e carvalho necessitam de duas horas. O pinho demonstrou atividade antiviral mais rápida, começando em apenas cinco minutos, seguido pelo abeto com uma significativa redução após 10 minutos.
Para um enterovírus sem envelope:
- Carvalho e abeto mostraram perda da capacidade de infecção do vírus em cerca de uma hora, com o carvalho iniciando após 7,5 minutos e o abeto após 60 minutos.
- Pinheiro, bétula e eucalipto reduziram a infectividade do vírus após quatro horas, enquanto o amieiro não apresentou efeito antiviral.
Os pesquisadores concluíram que a composição química da superfície da madeira desempenha um papel crucial em suas propriedades antivirais. Embora os mecanismos exatos de inativação viral exijam estudos mais detalhados, essas descobertas destacam a madeira como um potencial material antiviral natural e sustentável.
Agora resta aguardar que equipes nacionais considerem repetir os testes utilizando madeiras brasileiras.
De acordo com ACS.
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