Realmente gosto de tudo em engenharia, e admiro muito suas realizações. É claro que sou suspeito, pois esta é a minha formação profissional, e foi praticando e ensinando engenharia que vivi boa parte da minha vida… Então, estou sempre procurando refletir sobre ela, e gostaria de compartilhar algumas destas reflexões neste nosso espaço semanal.
Acho genial, por exemplo, o que significa engenharia, e por isto andei “fuçando” várias definições sobre ela, todas convergentes nos principais pontos que bem a definem. Então, selecionei para iniciar esta conversa a obtida da referência [1], que nos diz:
“Engenharia é a aplicação de métodos do conhecimento científico ou empírico destinados à utilização de recursos materiais e naturais para o benefício do ser humano”. [1]
Legal, não? E nos fala muito sobre a beleza de nossa profissão, que por sinal é uma das mais antigas que se firmaram nas comunidades humanas, e justamente por ser caracterizada por algo especificamente social – benefício do ser humano. É isso aí: nós, engenheiros, vivemos para que, sentindo ou intuindo alguma necessidade ou problema da sociedade, coloquemos nossos conhecimentos a serviço dela, para resolver o problema ou atender à necessidade…
E fazemos isto com o conhecimento que adquirimos em nossa formação acadêmica e em nossa experiência de vida, desde quando crianças construíamos algo para brincar (caixas de goiabada de madeira eram, por exemplo, geniais…) e destruíamos coisas (coitados de nossos pais…) para aprender algo novo… Nesses casos, haja imaginação e empirismo! E tais fatos já nos mostravam “pitadas” de nossa vocação para a engenharia, também fundamental para o desenvolvimento de nossa formação e carreira.
No entanto, o caráter social de nossa profissão nos impõe uma formação ética impecável, pois, conforme já citei, agimos em função de beneficiar a sociedade. E aí eu me recordo de um fenômeno natural que pode ser visualizado quando jogamos uma pedra ne superfície de um lago bem calmo… A agitação inicial da queda da pedra vai se propagando em círculos concêntricos, com raios cada vez maiores; então, até onde irá a expansão desses círculos, até onde entregarão a energia que provocamos ao jogar a pedra? E esse é um fenômeno natural, provado desde os tsunamis até a detecção de ondas gravitacionais oriundas de fenómenos galácticos extremamente distantes de nós…
Quem muito bem sintetizou esse modo de pensar foi Hans Jonas (1903-1993), filósofo alemão que se destacou principalmente por sua obra O Princípio da Responsabilidade. Nessa sua obra, que gerou importantes movimentos no sentido de movimentos ambientais e bioética, Hans Jonas nos propõe que nossas decisões são como a pedra no lago, causando consequências não só para nós e para o nosso ambiente próximo, mas para toda a sociedade e mesmo para o mundo inteiro. Se pensarmos bem, é uma pura e simples verdade… Cada decisão nossa pode alterar a vida de um pequeno grupo, que pode influenciar outros, ou mesmo todo o mundo… Não foi o caso da roda? Da pólvora? Da internet? Da aviação? Das redes sociais? São infinitos os exemplos, e continuarão a aumentar…
Daí, creio que “engenheirar” tendo em mente do pensamento de Hans Jonas pode ser salutar para nós, para que possamos cada vez mais beneficiar a sociedade. É grande o poder que nos foi outorgado pelo nosso diploma, utilizemo-lo bem!
Referência:
[1] www.significados.com.br/engenharia/, acessado em 16 de setembro de 2021.
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